Alguns especialistas indicam que o medo é o sentimento mais antigo que o ser humano experimentou, pois está diretamente ligado à sobrevivência, alertando os primitivos sobre ameaças e riscos. “Todos temos o medo em nossa natureza. Ele é saudável e um poderoso aliado das pessoas, pois contribui no processo de proteção”, aponta a psiquiatra Hebe de Moura.
O que é
O sentimento precisa ser visto como um fator psíquico e fisiológico fundamental para nos deixar atentos e para contribuir no processo de tomar providências quando surgir um momento adverso. “Ele sempre se manifesta quando estamos frente a algo desconhecido ou ameaçador e, no momento em que nos acomete, todo um estado de alerta se põe em movimento”, explica a psicóloga Valéria Cimatti. Esse fator está diretamente ligado ao receio de entrar em contato com alguma coisa ou tomar determinada atitude que nos desagrade e, de certo modo, provoque uma espécie de ameaça, seja física ou psicológica.
No cérebro
Para que o medo chegue ao cérebro, há um sistema complexo, envolvendo diversas áreas, neurotransmissores e hormônios. Após o processamento das informações, essas são disparadas para outras regiões do cérebro por meio de neurotransmissores e hormônios. Com isso, o organismo sofre diversas alterações, como o aumento de fluxo sanguíneo para o coração, pulmões e músculos, além da redução da circulação na pele e nas vísceras. Isso irá variar de acordo com a análise feita pelo cortex pré-frontal do cérebro, que indicará o comportamento adequado para cada situação.
Medo não é ansiedade
“Muitos enganam-se ao credenciar a ansiedade como medo. A ansiedade é uma espécie de medo criada pela mente. Nesses casos, há o receio do fracasso, do que os outros acham… Enfim, aqueles que podemos produzir e isso não tem nada a ver com sobrevivência, e, sim, com existência”, explica Valéria. O medo está ligado a um objeto real, por exemplo, medo de ser mordido por um cachorro. O animal existe e oferece perigo; enquanto a ansiedade é algo construído pela mente, quando, em um relacionamento, há o medo de ser abandonado pelo amor da sua vida. Apesar de a pessoa existir, o sentimento não oferece risco.
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Consultorias: Hebe de Moura, psiquiatra; Valéria Cimatti, psicóloga.
Texto e entrevista: Vitor Manfio
Edição e entrevista: Natália Negretti