A comidinha da mamãe, da vovó ou de alguma viagem inesquecível pode ficar marcada para sempre no paladar de uma pessoa e trazer aquela sensação de prazer e aconchego na hora de degustar. Os chamados “comfort food” aliviam a ansiedade e relembram boas sensações. O sabor simples e delicioso que te remete às boas lembranças traz uma nostalgia alimentar capaz de sabotar a sua dieta.
O ato de comer é prazeroso. É comprovado cientificamente que, ao consumir um alimento que gostamos, liberamos substâncias químicas positivas em nosso organismo. Entretanto, essa relação com o prato também pode se tornar perigosa quando feita de forma excessiva ou descontrolada.
Isto quer dizer que, ao buscar determinados produtos, a pessoa pode agir de forma impulsiva, apenas por emoção, não se atentando para os valores nutricionais. Devido a esse “poder” de alguns pratos de oferecerem alegria e bem-estar, os consumidores acabam recorrendo a elas quando algo não vai bem – seja por estresse, desmotivação ou depressão, por exemplo.
“É nesse ponto que a relação com a comida afetiva pode deixar de ser saudável, principalmente quando a ingestão passa a ser excessiva ou só como um movimento de fuga. Em muitos dos casos, a pessoa nem se quer está com fome, mas sente a vontade de descarregar tudo em uma pizza, por exemplo”, comenta a psicóloga Aline Melo.
O que é comfort food?
Geralmente, as lembranças são boas, por isso, as pessoas associam esse alimento a um determinado assunto e não conseguem tirar do cardápio. Alguns chefes gastronômicos premiados estão utilizando dessa artimanha para conquistar o paladar dos clientes com temperos que remetem aos sentimentos de saudade e felicidade.
De acordo com a psicóloga, é necessário quebrar o elo quando o “comfort food” está prejudicando sua saúde e impedindo que atinja os objetivos almejados. Entender quando e como isso acontece é o primeiro passo para o sucesso. Manter-se afastada dos gatilhos é essencial.
Quando pode ser prejudicial?
Além dessa associação entre alimentação e emoção ser um fenômeno perigoso, a busca frequente pela sensação do comfort food pode levar a uma compulsão alimentar. Isso ocorre quando a pessoa ingere altas quantidades de comida em um pequeno intervalo de tempo. “Quanto mais o ‘comer emocional’ estiver presente, maiores as chances de isso afetar negativamente saúde física e mental da pessoa”, aponta Aline.
Outra condição, muitas vezes, associada ao termo é o consumo de pratos gordurosos, como uma pizza ou lasanha. Afinal, é comum relacionar as comfort foods à fast foods, responsáveis por uma satisfação rápida e imediata. “Muitas pessoas justificam o consumo das “guloseimas” como um ‘presente’ em meio a um dia desgastante, e essa atitude, quando se torna frequente, pode ser prejudicial, uma vez que lanches rápidos são mais calóricos e possuem baixo valor nutricional”, reforça a nutricionista Ana Paula Gonçalves.
Categorias existentes
Existem diversos motivos para o indivíduo passar a consumir alimentos por meio de elementos emocionais.
- Nostalgia
Sabe aquela comida que só a mãe, o pai ou os avós são capazes de fazer? O sentimento é responsável pela atitude por remeter a um período vivenciado no passado.
- Indulgência
Quando a pessoa busca por um alimento específico, geralmente rico em gorduras, como uma forma de recompensar uma situação negativa, por exemplo, problemas no trabalho, uma briga no casamento, etc.
- Conveniência
Sabe aqueles alimentos que, em momentos de necessidades, tornam-se verdadeiras salvações? Em geral, por serem nutrientes de origem industrial, as substâncias que podem ser consumidas de forma prática e acessível são danosas. “A intenção aqui é obter a satisfação e o prazer com rapidez e simplicidade, o que pode ser bastante prejudicial para a saúde em médio e longo prazo”, comenta Ana Paula.
- Conforto físico
Alimentos que geram sensações boas devido à ação química comprovada no cérebro. Podem ser pratos ricos em açúcar e gordura, entre outros.
Como substituir o Comfort Food?
Depois de devorar aquela comidinha que te conforta, e que você não consegue ficar sem, pode vir o arrependimento e o sentimento de culpa. A solução é saber lidar com as emoções realizando outras atividades e fazendo substituições inteligentes para continuar ingerindo determinado alimento.
“A comida traz bons sentimentos, por isso, é possível substituir aquele chocolate ao leite por um com um maior teor de cacau, diminuir o açúcar e buscar outros substitutos que vão te dar prazer sem prejudicar a saúde e atrapalhar os seus planos para boa forma.
Todos os alimentos têm opções de tornar o prato mais saudável, o objetivo é aguçar a memória gustativa e olfativa por meio de novas criações inteligentes”, enfatiza a nutricionista. E completa: “Fazer as adaptações corretas contribuirá para chegar na meta com muito mais facilidade, pois geralmente aquele comfort food que a pessoa mais gosta é o que mais faz mal”.
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