O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que afeta de maneira qualitativa funções neurológicas, prejudicando de maneira significativa a comunicação, a interação social e o comportamento da criança. Na verdade, o correto é falar transtorno do espectro autista (TEA). Mais correto ainda é colocar tudo no plural, pois não há um tipo único de transtorno dentro desse espectro. “Existem diversas formas de manifestação do autismo, desde o mais grave até o mais simples, e isso é determinado pela capacidade de comunicação”, explica a neuropsiquiatra Aline Mussuri.
O que fazer após o diagnóstico?
A desinformação sobre o assunto acaba gerando pânico e reações extremamente pessimistas de pais e mães que recebem o diagnóstico de uma criança autista. O que fazer? “Os pais de um autista, em geral, têm preocupações do tipo: ‘Meu Deus, como é que o meu filho vai entrar em uma faculdade? Como vai poder ir em festas?’ Então, eu paro e tento organizar o pensamento desses pais. Oriento que a meta deles é fazer com que aquela criança se torne uma pessoa independente, para que consiga sobreviver sozinha, sem a necessidade de auxílio”, revela Aline.
Ou seja, não é preciso desespero. É possível, sim, ter uma vida bem próxima do normal, mesmo sendo autista. “A maioria dos adultos autistas faz parte de grupos de apoio. Muitos deles frequentaram faculdade e têm uma vida social, claro, dentro da limitação, mas é possível ter sociabilidade. Independente do autismo”, assegura Aline.
Tratamento para o autismo
Assim como não há um padrão de autismo, não há um tratamento que seja indicado para todos os casos. A maioria das terapias parte do princípio que é preciso estimular a criança. “São várias formas de fazer isso: equoterapia (interação com cavalos), fonoaudiologia, natação… O importante é colocar a criança em atividade, para ela começar a se desenvolver, principalmente em relação à fala, que é uma das coisas que incomoda muito no autismo, porque a criança não consegue responder ao meio, não consegue se comunicar”, explica a especialista.
Em relação a medicamentos, só são utilizados caso haja outros problemas associados. “Alguns autistas podem se tornar agressivos e precisam de um medicamento, além da terapia. Mas isso deve ser avaliado rigorosamente, com bastante critério, para não sair medicando todo mundo. Muitas vezes, a criança só está nervosa por não conseguir se comunicar”, analisa Aline.
A resposta: inclusão!
Além de se buscar uma cura ou uma maneira de se evitá-lo, o grande desafio em relação ao autismo é a inclusão. Como revela a neuropsiquiatra em tom de desabafo: “É importante que as pessoas saibam que a criança autista não vive em um mundo próprio. O que ela tem é uma dificuldade de manter e terminar uma atividade. Assim, é preciso buscar a inclusão, deixar claro que eles não querem viver em um universo só deles. É preciso acabar com esse medo que existe em relação ao autista, parar com esse negócio de achar que eles são retardados, não é nada disso. Como psiquiatra, eu sofro muito quando uma mãe me diz que não conseguiu matricular o filho em uma escola, que nenhuma escola aceita seu filho. A maioria não é de crianças agressivas, elas têm apenas dificuldade de fala”, desabafa.
Consultoria Aline Mussuri, neuropsiquiatra
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