Febres constantes, falta de apetite, hálito ruim e uma dor de garganta tão forte que causa até dificuldade de engolir alimentos. Esses sintomas são sinais claros de amidalite, doença infecciosa que atinge as amídalas, órgãos localizados na parte de trás da boca e que auxiliam no processo de respiração, digestão e até na defesa do corpo, contribuindo com o sistema imunológico. Mas de onde vem essa infecção?
Ambiente favorável
Basicamente, a amidalite ocorre porque o corpo, mais precisamente as vias respiratórias, estão fragilizadas. E essa sensibilidade pode ser consequência de diversos fatores, como exposição constante ao ar-condicionado – que resseca as mucosas e deixa as amídalas debilitadas -, tabagismo e até refluxo gastroesofágico – esta condição pode ser considerada pois o ácido clorídrico que sobe do intestino e atinge o esôfago altera o pH de toda a região, deixando-a mais suscetível a inflamações e infecções.
Oportunistas
Com os órgãos e estruturas dessa parte do corpo desprotegidas, fica mais fácil para um vírus atingir o local, passando pela defesa das próprias amídalas, fragilizadas pela condição do corpo. Esses casos, de amidalite por vírus, são mais comuns em crianças, e apresentam sintomas como dor de garganta constante, dificuldade para ingerir alimentos, tosses e febre. A amidalite bacteriana atinge mais jovens e adultos e, além dos sintomas mencionados, pode causar o aparecimento de placas de pus na orofaringe – região de transição entre a boca e a faringe.
Outra situação possível é uma amidalite causada por vírus evoluir para uma amidalite bacteriana. Nesses casos, a infecção viral deixa a região extremamente debilitada, possibilitando a proliferação de alguma bactéria que já esteja alojada no local. Com o ambiente favorável, ocorre uma infecção generalizada, que pode fazer com que o paciente apresente até inchaço na região do pescoço.
Como tratar?
Existem várias formas de solucionar o problema. Nos casos de amidalite viral, é comum o tratamento à base de analgésicos e anti-inflamatórios, enquanto que no caso de amidalites bacterianas pode ser necessária a utilização de antibióticos específicos. “O médico precisa avaliar que tipo de medicamento será aplicado, sendo mais comum os feitos à base de penicilina. Em emergências hospitalares, o benzetacil é um antibiótico muito usado para combater infecções, por ser de fácil acesso e ter um custo baixo. Além disso, depois de aplicado, age por 72h no organismo” explica o otorrinolaringologista Jorge Feres Succar Neto.
Em último caso, como recurso aos casos de amidalite grave, pode ser indicada a cirurgia para remoção das amídalas. Contudo, esta medida deve ser tomada com cautela, e somente após uma análise completa dos pontos positivos e negativos de se realizar o procedimento. É extremamente importante também que a escolha do medicamento ou intervenção para realizar o tratamento seja feita sempre pelo médico, ou com o consentimento e orientação deste, nunca recorrendo à automedicação.
Texto: João Paulo Fernandes/Colaborador | Consultoria: Jorge Feres Succar Neto, otorrinolaringologista do Hospital Balbino do Rio de Janeiro (RJ)
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