Conviver com o ex nem sempre é uma tarefa fácil, ainda mais quando se tem filhos. No entanto, independente das dificuldades no relacionamento do casal, a ligação entre pais e filhos é para sempre e quanto mais natural for essa relação, melhor para ambos. Veja algumas dicas de como manter uma boa relação com o ex e não deixar a separação interferir na vida dos filhos:
Como manter uma boa relação com o ex quando se tem filhos
O comportamento das crianças
Se você ainda tem mágoas do seu antigo relacionamento, mas não gostaria que seus sentimentos influenciassem na vida dos filhos, a melhor coisa a fazer é conversar com as crianças, esclarecendo que ninguém tem culpa do término, e que a decisão é somente do casal. Assim, eles vão entender que não precisam tomar “partido” no relacionamento e podem se sentir mais confortáveis nessa situação.
A psicóloga Fátima Sassatelli, especialista na área educacional, explica: “A relação entre pais e filhos não precisa, nem deve ser abalada por causa da separação. Podemos falar em separações, mas ‘ex-pai’ e ‘ex-mãe’, não. Por isso, os pais devem procurar manter o padrão de relação que tinham com os filhos antes da separação.”
É importante para a mãe manter a calma e ter como sua grande aliada a paciência, pois muito embora o diálogo ajude a criança ou o adolescente a compreender tal mudança, é natural que eles alterem o comportamento.
Fátima esclarece que a separação dos pais é sempre uma grande surpresa para os filhos e, geralmente, eles acabam experimentando muito dos sentimentos com os quais os adultos também sofrem. “As crianças podem reagir de diferentes formas diante da separação ou divórcio dos pais. Elas podem se sentir culpadas, irritadas com os pais, ou até tentar culpar um dos dois pela separação. E ainda que muitos outros motivos estejam envolvidos na análise do comportamento dessas crianças, há dois fatores que são muito importantes: a idade dos filhos e o grau de conflito que existe entre os pais”, aponta a psicóloga.
Como contar para os filhos?
A psicóloga afirma que os pais devem combinar entre si qual versão da história será contada para os filhos sobre os motivos da separação. Ela esclarece que a informação deve ser clara e verdadeira, de forma que não fira a moral de nenhum dos envolvidos. Outro ponto que pode ser ressaltado é o da tentativa de mostrar que há respeito e amizade entre o casal, mesmo diante de um momento delicado. Se os filhos forem muito pequenos, vale o mesmo procedimento, porém de forma mais didática, mostrando que agora “o papai e a mamãe vão morar em casas separadas.”
Agir cautelosamente pensando nos filhos é uma ação realmente importante e necessária para ajudá-los a lidar com essa nova realidade. Porém, para que você possa ter controle sobre essa situação e lidar com esse “problema” da forma mais saudável possível, é preciso tomar alguns cuidados:
Sobre a antiga “vida a dois”
Os problemas nunca se resumem somente aos filhos. E quanto à antiga roda de amigos? É possível contornar essa situação para que nenhum dos dois precise se excluir? A psicóloga comenta que é essencial respeitar a si mesmo e ao outro, além de perceber se continuar falando com aquelas pessoas te causa algum constrangimento ou sofrimento. Se isso acontecer, a melhor opção é se afastar. Também é importante pensar se a presença do ex interfere em seus sentimentos e causa algum incômodo ou raiva.
Ciúme do ex
Quando a separação tem um consenso das duas partes, o ciúme raramente aparece, mas se uma das partes não quis o fim do relacionamento, a situação se torna bem mais delicada. Fátima enfatiza: “Ao terminar uma relação, tente se afastar de seu ex, quando for possível, pelo menos por um tempo. Você e ele precisarão de espaço e silêncio para refletir sobre as atitudes, erros, acertos e vontades que levaram o casamento ao fim. Depois dessa reflexão, se ambos se sentirem à vontade para isso, tentem uma reaproximação, mas o importante é não nutrir falsos sentimentos. Se somente ele tem esperanças de voltar, afaste-se e faça o mesmo se a situação for inversa, principalmente quando se tem filhos envolvidos.”
Sexo sem compromisso
Apesar de muitas vezes terem consciência de que a relação já acabou, e que talvez não fosse a melhor ideia se envolver novamente, as recaídas acontecem! Mas será que essa atitude pode mesmo atrapalhar a separação? Segundo Fátima Sassatelli, muitas recaídas acontecem porque as pessoas ficam presas, por algum motivo, aos seus ex.
A questão não é manter as relações sexuais, e sim o que ela e essas recaídas representam. “A recaída acende um monte de dúvidas que pareciam ter sido apagadas muito bem com o término. Você não sabe se foram só um monte de beijos de uma noite, ou se o abraço e o olhar carinhoso significam algo a mais. A recaída acontece porque é bem provável que você não vá descartar um sentimento, mesmo uma lembrança, ligado a todos os momentos bons que você viveu com outra pessoa”, esclarece a psicóloga. No entanto, a recaída pode mostrar o lado bom da situação: se você se sentir indiferente, mostra que você entendeu que o que passou ficou no passado e não volta mais.
O mais importante é que exista companheirismo mesmo quando há uma separação. Sim, isso é possível! Quando se tem respeito pelo outro é possível passar por isso de um jeito saudável e lidar com essa mudança de forma tão natural quanto qualquer outra. Lembre-se que muitas vezes você perde um namorado ou marido que não te fazia feliz, travando várias batalhas no seu casamento, mas que, com uma decisão madura de ambos, ganha um amigo e companheiro, que pode te auxiliar na criação dos filhos.
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