Descobrir uma gravidez é motivo de alegria para a maioria das pessoas, ainda mais quando o bebê é planejado. Contudo, apesar da felicidade, também existem preocupações em relação à saúde da mãe e da criança. Por isso, é extremamente importante que a gestação seja acompanhada de perto pelo obstetra e que os exames sejam feitos na frequência correta. Quando a gravidez é gemelar, então, os cuidados devem ser redobrados, já que ela apresenta peculiaridades maiores, como a síndrome de transfusão feto-fetal.
O que é a síndrome de transfusão feto-fetal?
Esse problema atinge de 10 a 15% dos casos das gestações gemelares que dividem a mesma placenta. Vale destacar que a síndrome de transfusão feto-fetal acontece apenas nas gestações monocoriônicas e é causada pela conexão vascular entre os bebês, por meio de veias ou artérias do cordão umbilical interligadas, fazendo com que o sangue seja distribuído de maneira desequilibrada entre eles.
De acordo com o ginecologista especialista em medicina fetal Javier Miguelez, esse desequilíbrio não está relacionado com a absorção maior ou menor de nutrientes, ou seja, um bebê não “rouba” os nutrientes do outro. O que ocorre, na realidade, é que o volume de sangue fica desigual entre os bebês. Em outras palavras, um feto se torna receptor e o outro doador.
Consequências para os bebês
A síndrome de transfusão feto-fetal causa consequências diferentes para cada gêmeo, conforme explica especialista: “Por receber um volume excessivo de sangue, o coração do gêmeo receptor precisa trabalhar mais, causando uma hipertrofia do seu músculo. Além disso, por conta dessa absorção, a eliminação de líquido é maior e a bexiga se dilata. E, por isso, o saco gestacional fica com uma quantidade maior de líquido amniótico (em sua maior parte constituída por urina fetal)”.
No caso do outro bebê, como ele está doando o sangue que deveria ser consumido por si mesmo, desenvolve-se menos e a bexiga fica menor, já que o sangue não é filtrado e, com isso, o volume de líquido amniótico é baixo”.
Existe tratamento?
Nem todo caso de síndrome de transfusão feto-fetal requer tratamento, há casos em que a distribuição do sangue retoma o equilíbrio – por isso, há uma classificação do estágio que a doença está. Com algumas exceções é a partir do segundo estágio que a intervenção deve ser realizada.
“Nesses casos, a mortalidade dos fetos é de mais de 90%, caso o diagnostico não tenha sido feito no momento certo e o tratamento correto realizado”. Além disso, nesses casos, o nascimento ocorre via de regra muito prematuro, ou ainda, os bebês podem apresentar lesões e sequelas sérias no cérebro.
Consultoria Javier Miguelez, ginecologista especialista em medicina fetal
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