Controlar o peso é um assunto que vai bem além da estética: favorece a autoestima do indivíduo, sim, porém é uma questão muito mais de saúde, já que a obesidade é um fator de risco para doenças cardíacas, hipertensão, diabetes tipo 2, colesterol alto, problemas ortopédicos e pode, inclusive, elevar o risco de câncer. Às vezes, a obesidade é um problema que não dá para ser combatido apenas com hábitos saudáveis, então, alguns procedimentos acabam sendo necessários, como é o caso dessa nova técnica, chamada gastroplastia endoscópica, utilizada em pessoas que estão acima do peso, mas não o suficiente para passarem por uma bariátrica. O médico Manoel Galvão Neto, responsável por desenvolver esse método, responde 5 perguntas sobre essa novidade para ajudar você a entender melhor!
1. Como surgiu a gastroplastia endoscópica?
“ A gastroplastia endoscópica foi desenvolvida há cinco anos, fruto de uma parceria entre a Florida International University (Miami), onde sou professor associado, com outras universidades dos Estados Unidos e um serviço de Endoscopia no Panamá. Fiz parte dessa equipe internacional atuando principalmente na idealização e execução da técnica. Mais de 2000 mil cirurgias já foram realizadas em doze países – onde tivemos a oportunidade de treinar a maior parte dos médicos que executam essa técnica. Recentemente, o procedimento chegou ao Brasil”, conta o médico Manoel Galvão Neto.
2. Quem é candidato a esse tratamento?
Os mais beneficiados com essa técnica são os pacientes que apresentam obesidade de grau I e II, pessoas que normalmente não são candidatas para fazer a cirurgia bariátrica. “Bom frisar que a gastroplastia endoscópica e a bariátrica não são métodos que se competem ou se comparam. Além disso, a obesidade grau I vem logo depois do sobrepeso. Ou seja, quando o paciente atinge IMC 30 e, em geral, não consegue mais perder peso com exercícios físicos, mudança de hábitos e dieta, a gastroplastia endoscópica pode ser considerada uma opção de tratamento, com resultados eficazes, menor complexidade e pouco riscos”. exalta Manoel .
3. Como é a realizada a gastroplastia endoscópica?
O procedimento implica na introdução de um tubo flexível pela boca, assim como acontece num exame comum de endoscopia, só que sob anestesia geral. “Com ampla visão do estômago, o cirurgião endoscopista realiza suturas no órgão, deixando-o com a forma tubular fazendo uso de um equipamento chamado OverStitch. A gastroplastia endoscópica é realizada em ambiente hospitalar, dura em média 60 minutos e exige apenas um período em torno de quatro a seis horas de observação. Eventualmente, dependendo do caso, pode ser necessário passar a noite no hospital. O acompanhamento antes e depois do procedimento é feito em consultório”, conta o médico.
4. Quanto peso a pessoa perde? Ela tem de tomar vitaminas para o resto da vida?
A sutura endoscópica não causa déficit absortivo, somente restritivo. Ela também altera o esvaziamento do estômago, levando à sensação de saciedade precoce e ajudando o paciente a identificar que já comeu o bastante. Ou seja, problemas como desnutrição, anemia e deficiência de vitaminas não foram registrados até o momento. Mas é necessário seguir uma dieta recomendada pelo médico. É claro que a pessoa não comerá como antes, porque reduziu bastante o volume do seu estômago. Em média, segundo resultado de estudos com essa técnica depois da cirurgia, o paciente perde em torno de 15% de seu peso de modo gradativo.
5. Além de reduzir o peso corporal, esse tratamento contribui para evitar outros problemas de saúde?
De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS), o sobrepeso em adultos no Brasil passou de 51,1% (2010) para 54,1% (2014). Essa situação gera impactos importantes na saúde, já que a obesidade está intimamente associada a doenças do coração, ao diabetes tipo 2, hipertensão, câncer, problemas nas articulações etc. Sendo assim, todo tratamento voltado para a obesidade, seja grau I, II ou III, é muito importante e deve ser considerado atentamente.
Fonte: Manoel Galvão Neto, médico
Leia também:
- Receitas de vitaminas detox para perder peso e eliminar toxinas
- Obesidade pode ser sintoma de depressão
- Obesidade: descubra quais são os fatores de risco dessa séria doença