Além de ser filosófico e religioso, o budismo também pode ser visto como um remédio para a cura interior. Para entendermos melhor, é preciso recorrer a um pequeno resgate histórico. Antes de atingir o Nirvana, Buda percebeu que todos os seres humanos estavam submissos e presos ao sofrimento, mesmo quando felizes. Ele considerou isso uma “doença” que, no Oriente, especialmente no budismo, é chamada de duka. Todos os seres deste planeta a possuem, só que a maioria não percebe isso.
Duka é uma mistura dos sentimentos de alegria e tristeza, como se fossem um só. Ao mesmo tempo, é a nossa frustração ao acharmos que eles são coisas separadas. Segundo o que esse termo representa, o ser humano nunca sentiu e nunca sentirá alegria verdadeira sem tristeza. É como se todos os seres humanos estivessem fadados, desde o seu nascimento até a morte, a nunca sentir felicidade sem uma certa inquietação e angústia.
Lama Padma Samten faz uma comparação para melhor compreendermos: “Quando encostamos o dedo em uma brasa quente, sentimos dor; sem esse aviso originado da inteligência natural do nosso corpo, acabaríamos sem a mão. Do mesmo modo, sem duka não nos daríamos conta dos estados confusos de nossa mente”.
Para o mestre, o budismo pode ser apresentado como um remédio para essa “doença” inevitável.
Todas as práticas e ensinamentos budistas existem justamente para acabar, ou, ao menos, amenizar, os sintomas dessa doença. Mas, ao contrário de grande parte das religiões tradicionais, o budismo surgiu para mostrar um caminho que leva à liberdade plena, sem uma entidade para ser idolatrada – e essa é a essência do “tratamento” do duka.
Para o cristianismo existe o Antigo Testamento e a tábua de Moisés, que ele recebeu de Deus no topo do Monte Sinai. Assim surgem os ensinamentos cristãos: Deus se apresenta a Moisés e revela a verdade. O cristianismo depende da Bíblia, ela é a verdade para o cristão. No sentido budista não existe uma bíblia.
Já que colocamos os ensinamentos budistas na forma de um remédio que serve para remover o sofrimento originado por duka, quando isso acontece, ou seja, quando o sofrimento gerado por duka realmente cessa, atinge-se uma situação além de espaço e de tempo, de escrituras e profetas. Assim se dá a liberação da existência cíclica”, esclarece Lama Padma Samten.
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Texto e pesquisa: Deborah Mattos/Colaboradora – Edição: Giovane Rocha
Consultorias: Budismo – Psicologia do Autoconhecimento, de Dr. Georges da Silva e Rita Homenko, Editora Pensamento; A Roda da Vida como caminho para a lucidez, Lama Padma Samten, Editora Peirópolis; Padma Dorje (Eduardo Pinheiro), do site www.tzal.org
Fontes: www.cebb.org.br; www.darma.info; www.sobrebudismo.com.br; www.bodisatva.com.br