Analgésicos: conheça os riscos de usar remédios sem prescrição médica

O consumo abusivo de analgésicos para tratar dores de cabeça pode levar à dependência e trazer prejuízos à saúde. Conheça os riscos e procure um médico

- Se prevenir dos vícios: vá a uma igreja, segure uma Bíblia com a mão esquerda e leia em voz baixa o Salmo 29. Ofereça a oração aos arcanjos Gabriel, Rafael e Miguel. Quando voltar para a sua casa, acenda três velas brancas em agradecimento aos arcanjos....

O Brasil tem um dos índices mais altos de consumo indiscriminado de analgésicos na América do Sul. Segundo relatório da Organização das Nações Unidas (ONU), 0,5% da população adulta abusa de medicamentos vendidos sob prescrição médica. Além da dependência, esse uso abusivo pode trazer diversos prejuízos à saúde. E o alerta se aplica também àqueles adquiridos livremente em farmácias, como o paracetamol, um dos mais consumidos no país.

Cada vez mais fortes

Cefaleia Crônica Diária Associada ao Abuso de Analgésicos: esse nome extenso serve para definir a dor de cabeça causada pelo hábito de tomar um remedinho aqui, outro ali, sem antes consultar um médico. Com o tempo, o paciente já acostumado com a automedicação passa a não sentir o efeito do comprimido e dobra a dosagem.

 

O consumo excessivo de analgésicos é prejudicial à saúde.

O consumo excessivo de analgésicos é prejudicial à saúde. Foto: IStock.com/ Getty Images

 

“O uso excessivo de analgésicos modifica a resposta química em determinadas áreas do cérebro que fazem o controle da dor. Assim, à medida em que a pessoa vai usando os medicamentos, esse sistema neurológico passa a interpretar que o organismo, para funcionar bem, precisa de doses maiores e de outras categorias de analgésicos”, explica o neurologista Marcelo Mariano da Silva, do Centro Paranaense de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça.

Instalam-se, então, dois problemas: a dependência de medicamentos e a dor crônica. “Quando a pessoa é levada ao vício, a dor de cabeça surge pela abstinência do analgésico”, revela o especialista. Pelo erro da automedicação frequente, o que era uma simples dor causada por um dia corrido pode acabar se tornando um problema grave.

Às vezes, desnecessário

Se o médico ainda não foi consultado, recorrer ao analgésico a qualquer sinal de dor é um erro. Muitas vezes, o problema pode ser desencadeado por um dia estressante ou mesmo pelo consumo de determinado alimento. Por isso, investigar a causa da dor é o primeiro passo para tratá-la de forma efetiva, já que mudar os hábitos pode ser o suficiente para evitá-la.

“Dores de cabeça esporádicas, desde que não se enquadrem nos sinais de alerta (quando associados a outros sintomas, por exemplo), podem ser tratadas com medidas não medicamentosas, com bons resultados. Compressa fria, técnicas de relaxamento e acupuntura são alguns exemplos”, diz Marcelo.

Automedicação, não!

Tão perigoso quanto o hábito de tomar remédios por conta própria é o de se consultar apenas com o farmacêutico. Em um estudo coordenado pelo neurologista Abouch Krymchantowski, constatou-se que, das 143 farmácias pesquisadas:

  • em 80% dos estabelecimentos o farmacêutico, ou atendente, arriscou um diagnóstico a partir dos sintomas relatados pelos participantes da pesquisa, que descreviam sinais sugestivos da enxaqueca;
  • em 78% dos casos foram sugeridos medicamentos sem prescrição médica.

Para o especialista, os farmacêuticos não estão preparados para diagnosticar o problema do cliente. Portanto, o recomendado é sempre procurar um médico antes de buscar qualquer saída.

Texto: Marisa Sei | Consultoria: Marcelo Mariano da Silva, neurologista especialista em dor, do Centro Paranaense de Avaliação e Tratamento da Dor de Cabeça  

 

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