O poder de uma lavagem cerebral é tanto que alguns cientistas começaram a pensar na técnica de manipulação da mente alheia como uma ferramenta para o bem.
Lavagem do bem
Estudos feitos na Universidade de Northwestern, nos Estados Unidos, e na Universidade de Leiden, na Holanda, em 2015, indicaram ser possível minimizar o racismo e o sexismo por meio de estímulos cerebrais. No primeiro caso, quando os voluntários atingiam o sono profundo, um alto-falante repetia frases que ligavam negros a palavras boas e mulheres a termos de ciência. Após acordar, o grupo refazia um teste. Antes, o resultado apontava um nível de preconceito de 0,55; depois caiu para 0,17.
Visão da ciência
Já na pesquisa holandesa, as pessoas receberam choques elétricos de baixa intensidade no córtex pré-frontal (aquela área responsável pela racionalidade) e, em seguida, houve queda de preconceito. Mesmo com resultados otimistas, os cientistas não saibam ao certo o que pode ter motivado a mudança de opinião. O psicólogo Breno Rosostolato enfatiza que, antes mesmo de pensar em técnicas para reverter mentes “doentes”, é preciso que cada indivíduo se conscientize de sua liberdade de pensamento: “o importante é que a sociedade, por meio das normas e da rigidez de ideologias, cultive um povo cerebral. É necessário que as pessoas identifiquem a base destes controles mentais e questionem, sendo mais críticas e livres”.
Caso real
A maioria dos casos de lavagem cerebral não são usados para o bem. O reverendo norteamericano Jim Jones criou uma comunidade na Guiana onde pregava sobre o fim do mundo – o que reunia milhares de seguidores. Ao surgirem denúncias de tortura em 1978, uma comissão formada pelos Estados Unidos foi ao local investigar. Para evitar que fossem presos, Jones promoveu um suicídio coletivo, envenenando centenas de seguidores, totalizando 918 mortes.
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Consultoria: Breno Rosostolato, psicólogo clínico e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM), em São Paulo (SP)
Texto: Natália Negretti