Desde ações práticas como ler e escrever, até opiniões e decisões, algo nas profundezas da mente pode dominar você, ou melhor, está no comando. Isso mesmo! Não é “você” que responde por suas atitudes, mas o assistente supercompetente chamado inconsciente.
Basicamente, o inconsciente é uma parcela da mente responsável pelo conjunto de processos mentais que ocorrem sem que haja intervenção do consciente. “Exames funcionais, como os de ressonância magnética funcional (RMF), e estudos de casos neurológicos (como a da visão cega de pessoas que tiveram lesões no cérebro) têm validado a ideia da existência de um inconsciente”, afirma o neurologista Fabio Sawada Shiba.
Para se ter uma ideia de sua importância, estudiosos estimam que 90% das decisões tomadas por cada indivíduo passam por processos inconscientes.
O inconsciente no comando
Desejos e busca pelo prazer, bem-estar e satisfação são armazenados no inconsciente que, muitas vezes, não são aceitos pela realidade (éticas e regras morais que guiam o comportamento humano). Assim, esses conteúdos se manifestam de uma forma mascarada por meio de impulsos e instintos.
Além de influenciar o pensamento, ele também reflete em ações repetitivas, como explica Fabio: “muito das atividades automáticas – tais como andar de bicicleta ou dirigir um automóvel (pelo menos para quem já aprendeu) – sequer passam pelo consciente, que assim pode se ocupar com outras atividades mais importantes”.
O inconsciente e o aprendizado
Tocar instrumentos, praticar esportes, jogar… Parece muito óbvio que basta entender as partituras ou as regras do jogo para ser um músico ou um jogador, certo? Mais ou menos. Além de aprender a técnica, também é preciso se aprimorar por meio de treinos.
Isso só acontece com uma ajudinha do inconsciente. Ou seja, primeiramente, o consciente toma conhecimento do aprendizado, mas ele somente é fixado e processado passando por processos inconscientes. “Há uma capacidade cognitiva e de armazenamento de informações enorme que é atribuída ao inconsciente. Partindo dessa premissa, há metodologias que objetivam ministrar o conteúdo a ser aprendido de forma a ser retida de maneira mais consistente pela mente inconsciente, para que esteja à disposição de quem aprendeu quando for necessário”, conta o especialista em medicina comportamental José Carlos Carturan.
Isso ocorre pois todo o processo de aprendizado é complexo demais, o que torna o consciente incapaz de dar conta de tudo sozinho, afinal, já é tarefa dele estar o tempo todo atento ao que fazemos enquanto estamos acordados. Inclusive, estima-se que o inconsciente seja 200.000 vezes mais rápido e potente que o consciente. Não dá nem para imaginar!
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Consultoria: Fabio Sawada Shiba, neurologista clínico da Fluyr Saudável – Clínica de Combate à Dor e ao Estresse (www.fluyrsaudavel.com.br); José Carlos Carturan, especialista em medicina comportamental.
Texto: Natália Negretti