Seja nos casos mais graves de depressão ou nos que estão ainda no princípio, contar com um acompanhamento é essencial para voltar ao estado de espírito usual. “A depressão é um sintoma de falta de conexão consigo mesmo. A pessoa se perdeu e precisa se reencontrar, localizar o propósito de sua vida. E, para tanto, precisa se conhecer “, esclarece a psicanalista Júlia Bárány.
A profissional também cita que, nesse processo, a relação do indivíduo com o ambiente é fundamental para fortalecer as suas forças internas. “Quando conseguimos despertar no paciente a vontade de saber, conseguimos reacender nele a chama da vida”, pontua.
Para alcançar esses resultados, os profissionais que cuidam das saúdes mental e física do paciente se utilizam de diversos recursos, como a psicoterapia. “A terapia auxilia a pessoa a explorar a raiz da sua depressão e, com isso, compreender as razões pelas que acarretaram a doença e então buscar os caminhos para uma vida saudável”, esclarece o psicanalista Paulo Paiva.
Ajuda especializada
Inserido nesse contexto, o profissional por trás do auxílio assume um papel fundamental no trajeto rumo à recuperação. “O psicanalista utiliza várias ferramentas para que a pessoa recomponha os pensamentos negativos e passe a enxergar a realidade dos fatos e dos problemas, se libertando da atmosfera negativa. Além disso, vai ensiná-la a lidar melhor com os problemas, seus sentimentos e sua história”, assinala Paulo.
Apesar de toda essa relevância, Júlia frisa que o especialista possui um caráter coadjuvante perante a real condição de mudança do indivíduo. “O bom profissional sabe ajudar o paciente a ir ao encontro de si mesmo. Quem faz a cura não é o terapeuta; ele apenas monta o cenário e as circunstâncias, e a pessoa é que se cura”, complementa.
A psicanalista Beatriz Breves reitera que essa é a postura ideal a se manter para que o paciente encontre, novamente, o caminho do bem-estar e desenvolva os recursos internos que o ajudarão a administrar a sua condição. “O analista deve se colocar de forma empática, funcionando, inicialmente, como um suporte para que pessoa deprimida possa encontrar apoio terapêutico até que, ao se sentir melhor, possa ir conhecendo a dinâmica e o funcionamento de sua realidade psíquica”, destaca.
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Consultorias: Beatriz Breves, psicanalista e fundadora e presidente da Sociedade da Ciência do Sentir, no Rio de Janeiro (RJ); Cristiane Vilaça, psicanalista; Júlia Bárány, psicanalista; Maria Cristina de Stefano, psiquiatra; Paulo Paiva, psicanalista, coach e especialista em gestão de pessoas; Rodrigo Pessanha, psiquiatra.
Texto: Vitor Manfio/Colaborador – Entrevistas: Ricardo Piccinato – Edição: Augusto Biason/Colaborador