Acordar com dor na face ou, em visita ao dentista, descobrir que os dentes estão desgastados. Esses podem ser alguns dos indícios de um problema com nome curioso, o bruxismo. O distúrbio trata-se de uma compressão involuntária e excessiva da mandíbula, que pode acontecer à noite ou mesmo durante o dia. O diurno costuma ser silencioso, já o noturno tende a apresentar ruídos, pois os dentes inferiores e superiores se comprimem deslizando para os lados.
Investigação bucal
Os sinais do bruxismo podem ser indolores, embora costumem ser incômodos. “Desgaste nos dentes, retrações de gengivas e ruídos nas ATMs (articulações da região entre o osso temporal e a mandíbula) não geram dor, mas aqueles com manifestações neuromusculares provocam tensões na região das têmporas, da cabeça, do pescoço e do ombro”, diz o ortodontista e ortopedista facial Gerson Köhler. O dentista é o profissional adequado para diagnosticar o problema.
Por que trava?
No passado, acreditava-se que o bruxismo era uma questão específica dos dentes. Contudo, hoje é entendido como um distúrbio do sono e de ordem neurofisiológica. Isto é, as questões psicológicas estão diretamente ligadas ao apertamento dos dentes, já que refletem o estresse cotidiano. “É uma espécie de psicossomatização resultante da ação da tríade ansiedade, tensão e nervosismo”, explica Gerson. Outro alvo fácil são as pessoas que sofrem de estresse antecipatório, condição de sofrimento com questões futuras que, muitas vezes, não chegam a acontecer. É o popular “sofrer por antecipação”. Um estudo realizado na década de 80 por um pesquisador norte-americano apontou a rinite como um fator desencadeante para o bruxismo; fato comprovado nos consultórios médicos. Além desse grupo de risco, quem dorme de boca aberta também tende a desenvolver o problema.
Doloridas consequências
Por afetar a região da face, o distúrbio pode comprometer várias regiões:
*Zum-zum-zum: para tentar equilibrar a pressão sofrida na cabeça, o ouvido tende a produzir um zumbido.
*Sorriso gasto: o atrito entre os dentes desgasta seus esmaltes, podendo causar fissuras e hipersensibilidade. Em casos extremos, a dentição pode ficar amolecida.
*Dor de cabeça: como a mandíbula está ligada aos músculos da cabeça, a tensão constante a deixa sensível e dolorida.
*Músculos doloridos: bochecha e queixo podem amanhecer doloridos por conta do excesso de pressão na região entre a têmpora e a mandíbula.
*Lesões articulares: as ATMs (articulações entre o osso temporal e a mandíbula) são prejudicadas ao ponto de sofrerem estalos, dores e deslocamento.
Chega de pressão
“Como não é uma doença, não se pode dizer que o bruxismo tenha cura. Na verdade, os sintomas costumam ir e vir, oscilando muito conforme o estado emocional do paciente”, esclarece o especialista. Por isso, o distúrbio deve ser administrado de modo que os agentes de tensão diminuam e que suas consequências sejam evitadas. “Não existe apenas um tratamento padrão. Geralmente aplicam-se terapias conjuntas”, completa. As mais comuns são:
*Órtese dentária: um dispositivo colocado entre os dentes durante a noite. Precisa ser indicada pelo dentista e produzida exclusivamente para o paciente.
*Terapia psicológica: que ajude a aliviar as tensões cotidianas.
*Medicamentos: para diminuir a ansiedade, se indicado pelo médico.
*Controlar alergias respiratórias: evitar as crises de rinite é uma maneira de diminuir os episódios de bruxismo.
Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Gerson Köhler, ortodontista e ortopedista facial
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