Se você parar um argentino qualquer na rua e começar a fazer perguntas sobre tango, a chance de ele saber pouco ou quase nada é enorme. Dizer que a Argentina é o país do tango é cometer o mesmo erro generalista de afirmar que o Brasil é o país do samba. Nem todo hermano conhece ou gosta do estilo musical, dança ou sabe sua história. Existe, no entanto, um lugar da capital Buenos Aires cuja identificação com o tango é particularmente especial: o bairro de Abasto.
Não podia ser para menos: localizado na área central de Buenos Aires, próximo ao bairro Balvanera, Abasto é a zona onde o mito Carlos Gardel passou parte de sua vida. Foi ali que ele começou a carreira tocando e cantando, ainda jovem, gordinho e desconhecido. A casa onde Gardel viveu a partir de 1927 com sua mãe foi transformada em museu e é parada obrigatória para quem visita o bairro, na histórica rua Jean Jaurès.
Boemia, queda e ressurreição
O lugar mais tradicional de Abasto é hoje um imponente shopping center. Mas, em 1893, funcionava no local o Mercado Central de frutas e verduras. Além de trabalhadores argentinos, o local atraiu à região muitos imigrantes, sobretudo paraguaios e bolivianos. Com a chegada desses novos habitantes, propagaram-se os prostíbulos, cortiços, cantinas e teatros. Surgia então no Abasto a tradição de zona boêmia.
Em 1984, o mercado foi transferido para os arredores da cidade e a zona ficou órfã, empobreceu e, abandonada, ganhou a fama de perigosa e o apelido de “Bronx portenho”. Em 1998, após a reforma do antigo mercado, o shopping foi inaugurado, o que revitalizou a área. Nos arredores, foram construídos torres residenciais, um hotel internacional (o Abasto Plaza Hotel), um hipermercado e lojas temáticas onde é possível comprar os mais variados suvenires relacionados com o tango.
Além disso, foi criada também uma rua exclusiva para pedestres, a calle Carlos Gardel. Além de um monumento em homenagem a ele, a rua tem como atração, nos fins de semana, shows gratuitos de tango e folclore argentino.
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