Todo mundo sabe o que significa conversar, não é mesmo? Trocar ideias ou comentários sobre determinado assunto ou até diversos temas. Dialogar com alguém é uma atividade corriqueira, algo que as pessoas fazem todos os dias com suas famílias, amigos colegas de trabalho e etc. Conversar é natural para o ser humano.
Então, surge um papo sobre um assunto qualquer – inverno ou verão? Você prefere dias mais frios, e a outra pessoa gosta do clima quente do final do ano. Você acha um absurdo e utiliza seus melhores argumentos para convencê-la do contrário. Aumenta o tom de voz, gesticula sem parar. No final, a questão de preferência vira uma decisão entre certo e errado (e você escolheu o lado correto, é claro). Na sua cabeça, acha que venceu a conversa, mas não ganhou nada – nem conversou, de fato.
O exemplo mostrado é apenas um dos vários que vivenciamos no dia a dia: debates travestidos de diálogos, aquela situação em que falamos sem pensar e fazemos de conta que ouvimos, entre outros casos que não caracterizam o ato de conversar, embora acreditamos que seja. “As pessoas estão tão envolvidas com seus planos, projetos, trabalho e vida própria que vão atropelando tudo e todos”, explica a psicoterapeuta Paula Caputo.
E uma das causas disso é a ansiedade, que tem nos deixado mais suscetíveis a ouvir pouco e falar muito – não raramente, sem pensar. “Muitas vezes nem ouvem seus próprios pensamentos, acabam pulando a fase analítica de processos simples, como apenas expor uma ideia de forma linear para que seja compreendida pelo interlocutor”, completa.
Se, por um lado, estamos ansiosos, na outra ponta existe uma pressão social que nos obriga a sermos os melhores ou aqueles que tudo sabem, ainda que não saibamos. “Somos formados – tanto por meio da escola, das famílias, como também e principalmente a partir dos meios de comunicação – para buscarmos o reconhecimento, a valorização social e, por isso, incentivados a mostrar o que está em nós”, salienta a filósofa clínica Monica Aiub.
Por conta disso, até mesmo um simples papo – como aquele sobre o inverno ou o verão – pode ganhar um teor de debate, especialmente se a outra parte tem uma opinião diferente. “Temos uma tendência a ouvir apenas o que ratifica nosso pensamento. Quando alguém chega com uma ideia diferente, muitas vezes não conseguimos ouvir, e muitos, nesta situação, ficam o tempo inteiro querendo retrucar, convencer o outro de que ele está errado”, comenta Monica.
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Texto: Thiago Koguchi / Edição: Érika Alfaro / Consultoria: Paula Caputo, psicoterapeuta, e Monica Aiub, filósofa clínica