Especialista explica as melhores maneiras de promover a integração das crianças com essa condição genética.
por Redação Alto Astral
Publicado em 21/03/2016 às 12:56
Atualizado às 13:03
Até o início da década de 1960, a Síndrome de Down era vista como uma doença e conhecida mundialmente pelo termo pejorativo “mongolismo”. Porém, depois desse momento, houve uma mudança que marcou o aumento do interesse científico, educacional e inclusivo. Assim, a marginalização da pessoa com síndrome de Down e o desconhecimento sobre o assunto foram dando lugar a uma visão mais humanizada acerca da condição genética. Apesar de todo esse caminho percorrido e tabus desconstruídos, o preconceito ainda influencia a convivência e a participação dessas pessoas na sociedade.
Desde o nascimento, o bebê deve ser estimulado com ações e reações naturais e espontâneas. “Se o criança, desde os primeiros dias de vida, tem suas necessidades atendidas e encontra reciprocidade no ambiente, sua chance de desenvolver uma autoimagem saudável e realista é maior”, destaca Sonia Casarin, psicóloga educacional e diretora do Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down (SOS Down). Ou seja, não negar as limitações, dificuldades e a própria deficiência e aprender a lidar com esses fatores são atitudes essenciais para o desenvolvimento infantil.
Foto: Shutterstock
Conforme a visão da sociologia, a família é considerada um grupo social primário, em que são propiciados os primeiros contatos e relações afetivas e duradouras de cada indivíduo. Portanto, independente da condição de cada pessoa, a convivência familiar é de extrema importância. Para a criança que tem síndrome de Down, a atuação dos pais é ainda mais fundamental. “Quando a pessoa que tem a síndrome participa efetivamente da família e não é colocada em seu centro, excessivamente cuidada ou protegida, sua chance de participação social e inclusão aumenta consideravelmente”, afirma Sonia.
Um dos grandes mitos que rondam as pessoas que têm deficiência intelectual é de que eles não interagem normalmente com os outros. A verdade, segundo a psicóloga, é que não existe bloqueio no convívio, a não ser que haja outro comprometimento. “Geralmente, pessoas com síndrome de Down são consideradas afetivas e sociáveis e interagem com facilidade”, assegura.
Pode ser difícil, para quem tem a síndrome, acompanhar o ritmo de um mundo complexo e acelerado como o atual. Para Sonia, o meio em que a pessoa está inserida, desde que seja favorável, influencia sua inclusão. “Ela pode ter dificuldade de compreender o que está acontecendo no ambiente, e este deve facilitar a integração da pessoa que tem síndrome de Down por meio de explicações simples em linguagem acessível”, completa.
A inclusão da pessoa com síndrome de Down requer alguns cuidados particulares. É preciso estar atento às suas necessidades e condições e, acima de tudo, saber respeitar os limites da deficiência intelectual. “Muitas vezes, ela não faz algo porque não pode, e talvez seja difícil para quem não tem nenhuma deficiência diagnosticada compreender esse ‘não poder’”, exemplifica Sonia Casarin. A psicóloga educacional afirma ainda que mudanças de atitude e comportamentais em quem convive com a pessoa que tem a síndrome são fundamentais para quebrar barreiras. “Nossa sociedade ainda não é inclusiva, e a maioria das pessoas não percebe ou tem dificuldade de se adaptar às limitações inerentes às deficiências”, reconhece.
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Uma pesquisa realizada pela Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas (Fipe) sobre preconceitos e intolerância no ambiente escolar, que envolveu mais de 18 mil estudantes, professores, funcionários e pais de todo Brasil, revelou que 96,5% dos entrevistados demonstram alguma discriminação e relação a quem tem necessidades específicas. Para a psicóloga, a rejeição impede que a pessoa com síndrome de Down mostre seu potencial e sua individualidade. “Na inclusão, a convivência e a participação são inviabilizadas quando há imagens preestabelecidas que, na maioria das vezes, não dizem respeito à pessoa real que está presente na situação”, lembra. A profissional destaca que adultos e adolescentes que não cresceram em uma sociedade inclusiva podem apresentar alguma dificuldade para se imporem diante de atitudes preconceituosas. Assim, eles acabam se inibindo e permanecendo passivos. “Felizmente algumas pessoas com síndrome de Down estão aprendendo a falar por si mesmas e ajudam a corrigir tais atitudes”, comemora Sonia.
Consultoria: Sonia Casarin, psicóloga com pós-doutorado em psicologia educacional e diretora do Serviço de Orientação sobre Síndrome de Down (SOS Down), em São Paulo (SP).
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