O gosto doce gera a sensação de prazer e chega a ser difícil imaginar como algo tão bom pode fazer mal à saúde. Sem qualquer valor nutritivo, não é à toa que muitos profissionais da saúde chegam a contraindicar o consumo de açúcar , classificando-o como dispensável na alimentação. Polêmicas à parte, o fato é que o derivado da cana deve ser consumido com moderação. “O consumo excessivo de açúcar é responsável por aumentar a incidência de doenças como diabetes, obesidade, hipoglicemia, distúrbios gastrointestinais e mentais”, comenta a nutricionista Paula Castilho. Confira os principais malefícios que o açúcar em excesso causa ao corpo:
Previous Next PERDA DE NUTRIENTES. O açúcar não alimenta, apenas consome as vitaminas do complexo B e minerais como o cálcio para ser digerido e metabolizado. Ou seja, o excesso do produto “rouba” os nutrientes presentes no organismo. MAIS FOME. Atacar um bolo de chocolate na hora da fome não vai fazê-la ir embora, pero contrário. O consumo exagerado de açúcar provoca ainda mais fome. Isso porque ele é rapidamente digerido, provocando uma rápida elevação nos níveis de glicose e alta deposição de gordura nas células. “A primeira sensação ao consumir o doce é o aumento da energia e do bem-estar, mas assim como o aumento da glicose é rápido, a queda se dá da mesma maneira”, explica a nutricionista Patricia Davidson. ESTÔMAGO ÁCIDO. Quando ingerido com outros alimentos, estes ficam retidos no estômago, favorecendo a atividade dos sucos gástricos que aumentam a acidez estomacal. Por causar acidez, o pó branco favorece a proliferação de micro-organismos, como vírus, bactérias e fungos, que podem ser agentes de diversas doenças. “Um ambiente ácido disponibiliza menos oxigênio nos sistemas, diminuindo a produção de energia adequada ao funcionamento do organismo e levando-o à degeneração”, diz a nutróloga Luciana Carneiro. O derivado da cana ainda inibe a produção de enzimas digestivas, interferindo na síntese e na digestão de proteínas. GORDURA NO SANGUE. O excesso de açúcar no sangue provoca um verdadeiro melado nos vasos sanguíneos. É que a glicose acumulada acaba se ligando a proteínas, formando compostos chamados de AGEs, uma sigla que pode ser traduzida como “caramelização das células”. Assim como a gordura, esses compostos se depositam nas paredes arteriais, comprometendo a circulação sanguínea e elevando as taxas de colesterol e triglicérides, venenos para a saúde do coração. INTESTINO COMPROMETIDO. No intestino, o açúcar destrói as bactérias benéficas, aumentando a população dos parasitas intestinais, especialmente a Candida albicans. Além disso, causa fermentação, principalmente se ingerido como sobremesa. O resultado? Acúmulo de gases intestinais. OBESIDADE. Um dos primeiros distúrbios que se pensa quando o assunto é açúcar demais na refeição é o excesso de peso. E não é pra menos. A glicose vinda do consumo excessivo do ingrediente, depois de abastecer as células com energia, se acumula sob a forma de gordura no tecido adiposo. O problema vai muito além da preocupação estética. Assim como o diabetes, a obesidade é uma epidemia mundial. “O aumento de medida da circunferência abdominal é um importante fator de risco para doenças cardíacas, que matam 17 milhões de pessoas todos os anos no mundo. O limite nessa região do corpo é de 80cm para as mulheres e 94cm para os homens”, alerta a cardiologista Isa Bragança. A gordura acumulada no abdômen indica que os órgãos dessa região também estão gordos, portanto, propícios à formação de placas de gordura e entupimentos de artérias, por exemplo. Como num círculo vicioso, o acúmulo de gordura resulta em inflamações celulares que dificultam a atuação da insulina. Portanto, a obesidade favorece o surgimento do diabetes tipo 2. PELE FEIA. Manter a pele jovem é tarefa bastante difícil. Mas a missão fica impossível com uma dieta rica em açúcar. Sua ingestão prejudica o colágeno, proteína responsável pela elasticidade e viscosidade da pele. As rugas se formam justamente por causa desse processo de deterioração. Além disso, o excesso de glicose não absorvida pelo organismo se acumula como gordura, estimulando a produção de radicais livres. Essas substâncias são inflamatórias e resultam em gordura localizada e nas nada queridas celulites. SISTEMA IMUNOLÓGICO FRACO. O desequilíbrio da quantidade de nutrientes no organismo, além de propensão a proliferação de micro-organismos nocivos, fazem com o que o sistema imunológico seja afetado, deprimindo-o. HIPERTENSÃO. O sal é visto como grande vilão quando o assunto é pressão alta. Porém, o tempero acaba de ganhar um companheiro: o açúcar. Um estudo divulgado no periódico científico American Journal of Cardiology apontou que o ingrediente afeta a região do hipotálamo no cérebro, provocando taquicardia e elevação da pressão, fatores que aumentam (e muito!) os riscos de ataques do coração, acidente vascular crebral (AVC), entre outros problemas cardiovasculares. DIABETES. O açúcar extraído da cana é chamado de sacarose, a união da glicose e da frutose. Quando consumida em excesso, a glicose sobrecarrega o funcionamento do pâncreas, fazendo com que o orgão produza maior quantidade de insulina, hormônio que transporta a substância para dentro da célula, transformando-a em energia. Já a frutose sobrecarrega o fígado, que ao longo dos anos acumula gordura, fazendo com que o organismo resista à ação da insulina. A deficiência ou o mau funcionamento do hormônio faz com que a glicose em excesso se acumule no sangue, caracterizando uma doença que já se tornou epidemia mundial: o diabetes tipo 2. “A hiperglicemia crônica do diabetes está associada a danos de longo prazo, como disfunção de vários órgãos, em especial rins, olhos, nervos, coração e vasos sanguíneos”, explica o especialista em fisiologia Rodrigo Luiz Vancini. De acordo com a Organização Mundial da Saúde (OMS), a cada 10 segundos uma pessoa morre devido a complicações do diabetes. A doença é crônica e, se não controlada, afeta diversas áreas do corpo, como olhos, pés, boca, fertilidade e, principalmente o sistema cardiovascular. “O diabetes é o principal fator de risco isolado para as doenças cardíacas. Quando não controlado, ele acelera o envelhecimento arterial, comprometendo as funções do coração”, explica o cardiologista Christiano Roberto Barros.
Consultoria: Christiano Roberto Barros e Isa Bragança, cardiologistas; Luciana Carneiro, nutróloga; Luciana Harfenist, Patricia Davidson e Paula Castilho, nutricionistas; Rodrigo Luiz Vancini, especialista em fisiologia
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