Visando a sobrevivência, durante a evolução do ser humano, a natureza soube ajustar seu desenvolvimento para que ele se adaptasse às mais diversas situações que viria a encarar, como o perigo. A ansiedade e o medo, por exemplo, são gatilhos natos e muito importantes para a proteção do indivíduo.
“Se estivermos em um local diferente, pouco iluminado e vermos um vulto, a ansiedade funciona como um sinal de alarme que pode servir para uma reação de fuga, para evitar sermos pegos de surpresa ou até reconhecer se há um perigo real”, exemplifica o psiquiatra Bernard Miodownik.
Porém, quando algum desses gatilhos está desregulado, surge um problema. É o caso da ansiedade que, quando se torna repetitiva e sem relação direta com um perigo aparente, pode se tornar um transtorno mental.
Ansiedade fora de controle
Existem diversos tipos do transtorno mas, de modo geral, se caracterizam por crises que tiram o indivíduo do eixo, já que dominam seus pensamentos e interferem em suas ações. “A ansiedade é uma reação humana e suas alterações são contingências que podem atingir qualquer um, dependendo das vulnerabilidades subjetivas de cada pessoa”, explica Miodownik.
As causas do desenvolvimento do distúrbio podem ser diversas, como grandes períodos sob estresse, pressão ou medo. Porém, nunca surge de uma hora para outra, havendo progressão dos momentos de ansiedade. “Quando passa a ser excessiva, com dificuldade de controle, comprometendo e trazendo prejuízos em áreas importantes da vida, temos que suspeitar do aparecimento do transtorno”, explica o psiquiatra Ervin Cotrik.
Uma vez instaurado o distúrbio, surge um outro comportamento: o medo de ter uma crise. Este receio pode impedir a realização de atividades comuns, como ir a lugares com muita gente, já que o indivíduo sente medo de ter uma crise perto de muitas pessoas. O quadro pode ainda evoluir para a síndrome do pânico.
Veja mais:
Preconceito aumenta em quatro vezes o risco de ansiedade
10 mitos e verdades sobre a ansiedade
Consultorias: Bernard Miodownik, psiquiatra do Hospital São Vicente de Paulo, no Rio de Janeiro (RJ); Ervin Cotrik, psiquiatra.
Texto e entrevistas: Natália Negretti – Edição: Augusto Biason/Colaborador