Apesar da prescrição médica, muitas pessoas diagnosticadas com depressão têm receio de iniciar o tratamento à base de remédios. Tudo porque existe a ideia, no senso comum, de que antidepressivos causam dependência. Segundo o neurocientista Aristides Brito, tal conceito é um mito! “Como são tratamentos longos, fica a sensação de que viciam”, assegura.
Um dos motivos para essa imagem negativa se dá pela utilização de ansiolíticos no tratamento à depressão. Esses medicamentos têm a capacidade de controlar a ansiedade, induzir o sono e colocar a pessoa em estado hipnótico.

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Segundo a psiquiatra Maria Cristina, os fármacos dessa classe são empregados apenas pelo tempo necessário, já que “eles agem em neurotransmissores diferentes dos antidepressivos e diminuem algumas das atividades dos neurônios”, sendo necessários cuidados médicos constantes.
“Eles provocam sensação de prazer e por isso acabam viciando. Assim, devem ser retirados de forma gradual para não provocar abstinência e outros problemas”, alerta o neurocientista Aristides Brito.
Uso perigoso
Apesar de necessário, o uso contínuo de antidepressivos pode trazer alguns riscos à saúde e alterações na funcionalidade de determinadas partes do corpo. Algumas mudanças biofísicas podem surgir, ocasionando temporariamente insônia, erupções cutâneas, além de dores — como de cabeça, musculares, articulares e de estômago. Náuseas e diarreia também podem ser um problema.
Os antidepressivos podem causar uma redução da capacidade de coagulação do sangue, já que há uma diminuição na concentração do neurotransmissor serotonina nas plaquetas. O médico responsável pela prescrição do medicamento precisa estar atento ao uso de outros medicamentos. Se o antidepressivo for tomado junto com outro fármaco que aumenta a atividade da serotonina, é possível desenvolver a chamada síndrome da serotonina.
Com isso, podem ocorrer palpitações, sudorese, febre alta, pressão arterial elevada, e, por vezes, delírios. Além disso, podem causar espasmos musculares e tiques, e ocorrer a diminuição do apetite e do desempenho sexual do paciente. Durante a gravidez, o uso deve ser acompanhado pelo médico responsável.
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Consultorias: Aristides Brito, neurocientista; Maria Cristina de Stefano, psiquiatra.
Texto: Augusto Biason/Colaborador – Entrevista: Ricardo Piccinato