Prisão mental? Entenda o que se passa no cérebro de uma pessoa que está em coma

O coma tem vários graus, e o mais profundo deles é quando a pessoa não reage a qualquer estímulo. Entenda todos os aspectos relacionados a este processo!

- (Foto: Shutterstock)

Assim como o sono, o coma é uma manifestação fisiológica, porém, diferentemente do primeiro, não se acorda com um despertador ou com alguém chamando pelo nome. Mas o que acontece com uma pessoa nesse estado? Por que há casos de pacientes que saíram do coma e relataram terem ouvido tudo enquanto estavam inconscientes? Estavam realmente inconscientes?

O que acontece?

Basicamente, no coma o indivíduo é incapaz de fazer o processamento de informações vindas de estímulos externos. Ou seja, os dados dessas ações chegam em uma região cerebral chamada córtex pré-frontal, mas a partir de lá não são processados. Segundo a neurologista Julianne Tannous Cordenonssi, “há ausência ou extrema diminuição do nível de alerta comportamental, em que o indivíduo permanece não responsivo aos estímulos internos e externos”

No entanto, como explica a professora de neurociência Marta Relvas, isso não significa que o paciente não esteja recebendo os estímulos: “eles podem chegar, porém não serão decodificados ou processados nessa estrutura que promove o estado de consciência”.

Os impulsos são transportados em vias nervosas pelas sinapses dos neurônios (o meio de comunicação entre eles) e, com isso, os estímulos potencializam essa “conversa” das células. “Quando um estímulo é disparado, ocorrem trocas de cargas elétricas positivas e negativas no limiar da membrana neuronal, provocando uma ação. Isso independe da consciência”, explica a professora.

Esse é o processo comum que ocorre em reações simples, como escutar e entender uma conversa. Entretanto, no coma, esse caminho não é completado. Os estímulos não são interpretados e decodificados, consequentemente, tornando-se impossível o reenvio para outras partes do cérebro: “pois é como se os neurônios do córtex estivessem sem cargas elétricas para realizarem as trocas iônicas deste potencial de ação”, afirma Marta.

Definindo limites

É possível encontrar pessoas que saíram do coma e relatam ter ouvido tudo o que era falado ao seu redor. Então, até que ponto pode se considerar que estão inconscientes?

Para explicar, é interessante definir o estado de consciência que, segundo Marta Relvas, é quando “há disparos dos estímulos pelo impulso eletroquímico, que são decodificados na estrutura do córtex pré-frontal. E, por fim, são interpretados e associados com memórias e experiências pré-existentes”. Ou seja, a partir do momento que esses impulsos são compreendidos, ocorrem respostas de nível cognitivo e ações motoras, o que difere a consciência da inconsciência.

Por indução

O coma é causado quando o cérebro necessita guardar energia para abastecer funções vitais do corpo. Desse modo, pode compensar os danos causados pelo acidente em questão, como em uma batida de carro, em que pode ocorrer um traumatismo crânio encefálico (TCE), exemplifica a psicóloga clínica Anna Carolina Esteves. Mas e o coma induzido?

A indução do coma foi uma adaptação da medicina dessa medida de segurança natural do cérebro. “O órgão é colocado para ‘descansar’, a fim de preservar suas funções após o adoecimento (em um acidente vascular cerebral – AVC, por exemplo)”, explica a psicóloga. Nesse caso, o paciente é sedado e retirado do coma por meio de medicamentos.

Mas vale lembrar que “no coma, muitas vezes, é necessário esperar o despertar espontâneo do paciente, o que deve demorar um período consideravelmente prolongado e, por vezes, pode não acontecer em ambos os casos”, finaliza Anna.

Como agir?

O quadro do paciente que o levou ao coma já é grave por si só; e os familiares e amigos ficarem sem interagir com a pessoa piora ainda mais a situação.

Então, mesmo que seja improvável a decodificação dos estímulos externos, a psicóloga Anna conta que “de qualquer forma, em nosso trabalho dentro da unidade de terapia intensiva (UTI), sempre incentivamos a conversa e o contato físico dos familiares para com os pacientes”.

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