Também conhecida como síndrome do esgotamento profissional, o burnout afeta principalmente pessoas que se dedicam intensamente ao trabalho e reservam pouco tempo para o lazer e para o descanso. A priori, não há nenhum sinal aparente que denuncie a disfunção, mas, aos poucos, o quadro surge por causa das condições estressantes no trabalho enfrentadas por períodos prolongados.
Esses fatores, além de atrapalharem o desempenho profissional, começam a interferir em outros âmbitos da vida, prejudicando o convívio e a autoestima. “As inúmeras e constantes tarefas do trabalho acabam tomando toda energia e ânimo do trabalhador, chegando a influenciar até nos âmbitos pessoal, social e familiar”, comenta Maria Cristina De Stefano, psiquiatra.
Por não possuir um ambiente agradável no trabalho, a pessoa carregará cada vez mais os problemas para casa, até mesmo os interpessoais – por exemplo, discussões com outros funcionários. Com isso, as chances de superar as dificuldades são reduzidas, e nada é capaz de aliviar a tensão que toma conta de sua vida.
Cenário atual
Mas, o que relaciona essa condição com o mercado de trabalho? Por que as pessoas desenvolvem essa síndrome em algo essencial para o seu dia a dia? Sem dúvida, a ação externa interfere diretamente no comportamento de um funcionário. A pressão e a cobrança por resultados cada vez mais positivos e em um tempo reduzido estão presentes em praticamente todas as empresas, seja qual for seu segmento de mercado.
“O mundo do trabalho vem passando por intensas modificações, desde a consolidação do sistema capitalista, caracterizado pela adoção de novas tecnologias, estratégias de gestão, além de exigências cada vez maiores de redução de custos”, explica a psicóloga Gislaine Aude Fantini.
Nos últimos anos, a concorrência por uma vaga aumentou. Muitos fatores contribuíram para esse cenário; entre eles, estão a maior facilidade de acesso a cursos de nível superior e, principalmente, a otimização do serviço e o corte de gastos por causa da crise financeira. “Tais condições refletem na diminuição de muitos postos de trabalho em decorrência da preservação e do equilíbrio financeiro destas organizações”, complementa Gislaine.
Contudo, não se resume a apenas isso. Essas circunstâncias afetam o próprio indivíduo que, como em um mecanismo de autoproteção, se cobra para alcançar as metas estabelecidas pela empresa e por si mesmo. “A exigência interna é intensa, pois, muitas vezes, a pessoa está insatisfeita com seu trabalho. Mesmo assim, tem que preservá-lo diante do cenário econômico em que estamos vivendo”, aponta Gislaine. Dessa forma, faz até o impossível para corresponder às expectativas, e isso vai minando sua saúde física e psicológica.
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Consultorias: Andrea Deis, master coach; Gislaine Aude Fantini, psicóloga; Maria Cristina De Stefano, psiquiatra.
Texto e entrevistas: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Augusto Biason/Colaborador