Durante as crises de ansiedade, o cérebro passa por uma desregulação nos neurotransmissores — as substâncias cerebrais são liberadas em excesso ou em quantidades muito menores do que o normal. Essa mudança nos níveis químicos do órgão acaba gerando, além dos pensamentos relacionados ao estado de alerta, reflexos por todo o corpo.
“Os sintomas se relacionam com o sistema límbico cerebral, formado pela amígdala, hipotálamo e matéria cinzenta periaquedutal, que utilizam memórias de experiências passadas”, aponta o psiquiatra Tito Paes de Barros Neto. Apesar de os sinais variarem em quantidade, intensidade e frequência de pessoa para pessoa, alguns deles são mais frequentes:
Respiração acelerada
Um dos primeiros sinais da ansiedade é a alteração na respiração. Isso porque, durante uma crise, o segmento torácico — onde se encontram os pulmões — fica parcialmente imobilizado, dificultando a respiração e tornando-a mais rápida e curta.
Palidez
Como o sangue é direcionado para os músculos durante momentos de luta ou fuga, os vasos sanguíneos da pele — responsáveis pela coloração rosada, principalmente do rosto — acabam perdendo um pouco do fluxo sanguíneo. Assim, a pele de áreas com menores concentrações musculares perdem um pouco da sua cor e ficam mais pálidas.
Marcas na pele
Além da palidez, a pele também sofre outros reflexos da ansiedade. “O transtorno interfere no nosso sistema hormonal e, obviamente, todo esse sistema vai refletir diretamente à pele, criando acne, oleosidade ou ressecamento maior”, explica a psicóloga Maura de Albanesi.
Visão distorcida
O excesso de adrenalina liberada traz diversas alterações no corpo. A fim de deixá-lo preparado para situações de risco, os olhos são condicionados a detectarem quaisquer movimentos que possam apresentar alguma ameaça. Para isso, a pupila é dilatada, permitindo maior entrada de luz — e deixando a visão mais sensível.
Alteração nos batimentos cardíacos
A ansiedade se caracteriza por um estado de alerta, relacionado com momentos de luta ou fuga. Isso leva a um aumento da produção de adrenalina, que desencadeia a taquicardia. Os batimentos acelerados ou irregulares são apresentados como um sintoma comum durante as crises de ansiedade por quase 80% dos pacientes. Muitos acabam, inclusive, confundindo o sintoma da ansiedade com infarto.
Tremores
Devido à descarga de hormônios durante o momento de crise, as áreas extremas do corpo, como mãos, pés e pernas, podem ficar trêmulas.
Sudorese
O suor funciona, naturalmente, como um resfriador corporal. Durante os períodos de ansiedade, o corpo se prepara para situações de perigo, e a transpiração tem a finalidade de esfriá-lo para intensificar os esforços necessários. O suor pode se concentrar em áreas específicas, como as mãos, ou acontecer no corpo todo.
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Consultorias: Maura de Albanesi, mestra em psicologia; Tito Paes de Barros Neto, psiquiatra e docente do Programa Ansiedade (Amban) no Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (IPq-HCFMUSP).
Texto e edição: Augusto Biason/Colaborador — Entrevistas Natália Negretti