Quem não se lembra do desafio do balde de gelo que movimentou as redes sociais no ano de 2014? Pois bem, ele não era só uma brincadeira divertida. Na verdade, o desafio era uma forma de chamar a atenção para esse tipo de doença, ainda sem cura e pouco conhecida entre a população, além de arrecadar doações para a ALS Association, uma organização sem fins lucrativos que arrecada fundos para pesquisas e para ajudar pacientes com esclerose lateral amiotrófica. A ELA afeta principalmente os neurônios e as fibras situadas na parte lateral da medula, responsável pelo controle dos movimentos corporais. Segundo a médica Cristiane Gussi, os sintomas da ELA são decorrentes da deterioração do neurônio motor e podem causar fraqueza, atrofia muscular, câimbras, dificuldade na fala, entre outros prejuízos. O diagnóstico é clínico e a ressonância magnética com difusão tem auxiliado na descoberta dos pacientes com a doença. “O tratamento e os cuidados com o paciente dependem da evolução do quadro clínico e os medicamentos visam controlar a resposta imunológica anormal”, comenta o neurocirurgião Eduardo Barreto.
Por que acontece?
É uma doença que acarreta paralisia motora progressiva e irreversível, contudo, não afeta a capacidade intelectual e cognitiva. O principal sintoma é a fraqueza muscular, acompanhada de endurecimento dos músculos e atrofia muscular. Em alguns casos, a esclerose lateral amiotrófica (ELA) é causada por um defeito genético, porém, na maioria deles, a causa é desconhecida. O problema pode ser diagnosticado por meio de exames que descartem outras doenças, teste genético e avaliação clínica. O tratamento demanda uma equipe multidisciplinar, que pode recomendar medicamentos para reduzir a velocidade da progressão da doença.
Engano recorrente
A esclerose não evolui para a demência ou tem sintomas de incapacidade intelectual. Apenas alguns casos de ocorrências isoladas de esclerose lateral amiotrófica (ELA), em que poucos pacientes possuem sintoma de demência associada. Então, por que o engano entre doenças tão diferentes? “Talvez a confusão mais comum ocorra com a expressão popular ‘ficar esclerosado’, que se refere às pessoas, geralmente mais idosas, que começam a apresentar progressivamente perda de memória e capacidade de se cuidar sozinhos”, sinaliza a neurologista Vanessa Muller. Para ela, essa ideia vem do termo aterosclerose, doença das artérias comum em idosos e que não contempla a ELA, mas sim a causa mais comum de demência adquirida através de lesões cerebrais em decorrência de derrames. “Essas alterações vão se somando e estão associadas a uma história de declínio da competência cognitiva”, destaca.
Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Eduardo Barreto, neurocirurgião; Vanessa Muller, neurologista; Cristiane Gussi, médica
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