Você já conhece a endometriose? Pois é. Ao longo do mês de março, acontece uma campanha de conscientização dessa doença inflamatória que afeta o sistema reprodutor feminino e já atingiu famosas como Tatá Werneck, Malu Mader e Wanessa Camargo.
De acordo com estimativas do Ministério da Saúde, uma a cada 10 mulheres entre 25 a 35 anos sofre desse problema. A doença afeta o endométrio – tecido que reveste o útero por dentro – e se implanta em vários locais na cavidade abdominal, como ovário, intestino e bexiga, causando dores intensas, que muitas vezes podem ser confundidas com cólicas fortes ou com outros sintomas do período menstrual.
E é justamente essa dificuldade de identificar a doença que faz com que muitas mulheres sofram silenciosamente. Thiers Soares, que é médico e especialista em endometriose relata que muitos casos da doença demoram para serem diagnosticados corretamente. Isso faz com que o período entre as primeiras queixas e o diagnóstico definitivo leve muito tempo, cerca de 8 anos.
Segundo o especialista, a identificação acontece, muitas vezes, a partir de exames de imagem, como a ultrassonografia transvaginal e a ressonância magnética da pelve. “A demora em diagnosticar os focos da doença pode levar ao estado mais grave do quadro, quando é necessário partir para uma intervenção cirúrgica”, explica o médico.
Mesmo sendo uma doença comum e que atinge cerca de 10% da população feminina, é importante lembrar que a endometriose não tem cura. Ela é uma condição crônica, que exige acompanhamento constante.
A endometriose afeta a fertilidade?
Apesar da endometriose ser conhecida por afetar a fertilidade de mulher e, consequentemente, dificultando a gravidez, o especialista em laparoscopia e robótica afirma que com o tratamento adequado para cada caso, é totalmente possível que a paciente tenha uma vida reprodutiva normal.
Quais são os principais sintomas da endometriose:
Antes de mais nada, uma das primeiras manifestações da endometriose são as cólicas fortes – sabe aquelas incapacitantes, que te impedem de praticar atividades comuns? – e também as dores abdominais frequentes, incluindo as que ocorrem fora do período menstrual. Além destes, é comum também:
- sangramento menstrual desregulado e intenso;
- fadiga e cansaço;
- sangramento intestinal durante o período menstrual;
- dores fortes durante relações sexuais;
- dificuldade de engravidar.
Qual o tratamento mais eficaz para a doença?
O melhor tratamento sempre vai depender do grau da endometriose. O médico explica que, em casos mais leves, o uso de anticoncepcionais que suspendem a menstruação podem aliviar os sintomas e reduzir as dores, por exemplo.
Ainda assim, existem casos mais graves que necessitam de intervenção cirúrgica. No entanto, fique tranquila: em casos como esses, há procedimentos mais simples, que impactam menos na vida dos pacientes.
Thiers esclarece que em alguns casos é recomendada a videolaparoscopia, cirurgia para a retirada dos focos de endometriose espalhados pelos órgãos. “A maioria das pessoas não sabe, mas existem métodos minimamente invasivos para esse procedimento, como a videolaparoscopia e a cirurgia robótica”, explica o especialista.
Essas técnicas têm um pós-operatório muito mais seguro, com menos tempo de internação, menos chance de infecção e trombose, retorno mais precoce às atividades diárias e ao trabalho, entre outras vantagens.
Com os avanços tecnológicos, atualmente, a robótica é a técnica mais moderna e chega como alternativa para diminuir a necessidade de procedimentos mais complexos.
Diferente da videolaparoscopia, a modalidade traz a visão 3D para a rotina do cirurgião, com movimentos mais refinados e articulação dos instrumentos muito mais ampla em comparação com a videolaparoscopia. Apesar da facilidade, nem todos os profissionais estão aptos a trabalhar com o equipamento, sendo necessário uma habilitação especial.
Segundo o especialista, campanhas como o Março Amarelo ajudam no alerta para identificar a doença, onde “a informação é o primeiro passo para o diagnóstico precoce e, com isso, evitarmos o comprometimento da qualidade de vida das pessoas afetadas por essa doença tão enigmática”, conclui.
Fonte: Thiers Soares, médico especialista em endometriose, adenomiose e miomas.