As emoções negativas são capazes de trazer danos consideráveis se não souber lidar com elas. Mas, e quanto às positivas? Como tudo que é bom, em excesso, pode fazer mal; até os bons sentimentos são capazes de causar um transtorno, uma vez que há a possibilidade de o cérebro viciar em algo que dê prazer ou recompensa.
E aqui não entram apenas as situações do tipo “chocolate me faz feliz, por isso vou comer mais para me trazer felicidade”. A neurocirurgiã Raquel Zorzi elucida que, “mesmo uma coisa que para você seja desagradável, como sentir dor, pode ter um efeito diferente em outra pessoa, e para ela ser prazeroso”.
A especialista explica que isso ocorre pois o modo como o cérebro processa as informações consiste em um sistema muito complexo. Além de que, nesses casos, fatores particulares da vida do indivíduo influenciam diretamente em suas expressões emotivas.
O órgão não “discrimina” os prazeres, ou seja, independentemente de como esse bem-estar surge (consumo de drogas, chocolate, sexo, receber o salário, etc.), a reação será a mesma. “No cérebro, o prazer tem uma assinatura distinta: a liberação do neurotransmissor dopamina no núcleo accumbens, um grupo de células nervosas que se encontram por baixo do córtex cerebral”, evidencia Raquel.
Cérebro cheio de emoções
O funcionamento cerebral é um sistema complexo por si só, e quando se trata de como as emoções são “processadas”, o órgão parece uma via rápida com tráfego intenso. No entanto, ao invés de carros, são os neurotransmissores que o tumultuam. Eles são, basicamente, substâncias químicas mensageiras dos neurônios (células nervosas) que têm a função de levar uma informação para uma área que seja capaz de decodifica-las – no caso dos sentimentos, ao sistema límbico.
E, entre uma região ativada e outra, a forma com que isso ocorre consiste em como as emoções são geradas. “Esses agentes podem atingir células individuais, enquanto outros são transmitidos para estruturas do cérebro mais específicas para o controle de emoções”, explica a neurocirurgiã Raquel Zorzi. “Essa integração e interação generalizada permite ao cérebro ajustar a forma como você reage às coisas, e efetivamente alterar o seu humor e suas emoções”, complementa a profissional.
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Texto e entrevista: Giovane Rocha/Colaborador – Consultoria: Raquel Zorzi, neurocirurgiã