Apesar de não aparecer no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), principal guia internacional de distúrbios mentais, a síndrome de burnout carrega sintomas tanto de um quadro depressivo como de um quadro de ansiedade, segundo a psiquiatra Emanuella Novello Halabi. “Contudo, ele pode ser identificado até mesmo com certa facilidade, pois o comportamento do indivíduo se altera de muitas formas e de maneira bastante expressiva”, analisa.
Entre essas alterações comportamentais, encontram-se atitudes profissionais negativas, como redução da produtividade e constantes ausências, irritabilidade e indiferença de forma ampla com o ambiente de trabalho.
“Isso tudo acarreta intensamente em sua vida como um todo, pois o indivíduo passa a indicar alterações bruscas de humor, agressividade, dificuldade de concentração e memória, ansiedade, depressão, pessimismo e distanciamento afetivo”, aponta a profissional.
Além disso, sinais físicos, como fadiga, distúrbios do sono, dores musculares e de cabeça, falta de apetite, aumento da pressão arterial e alterações gastrointestinais e metabólicas, também são marcantes.
O psicólogo Davi Ruivo observa que tais manifestações podem desencadear alguns problemas secundários devido à busca por alívio. “Em determinados casos há a busca no uso de bebidas o que pode levar ao alcoolismo, ao uso de drogas e até mesmo ao suicídio”, alerta.
No cérebro
Apesar de a causa da síndrome de burnout estar relacionada com o trabalho, todas as manifestações do distúrbio têm início no órgão mais complexo do corpo humano. Nosso cérebro tem a dinâmica de sinapses e interações químicas, sendo estas compostas por hormônios e neurotransmissores, como o cortisol – comumente conhecido como o hormônio do estresse e um dos grandes responsáveis pela preparação do organismo para os enfrentamentos dos desafios do cotidiano.
“Quando o ‘cansaço’ ocorre, há a queda da produção destas substâncias e, por consequência, surgem desânimo, desatenção, dispersão, esquecimentos, pensamentos mais vagarosos, alteração no sono, alta irritabilidade e exaustão”, descreve Davi.
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Consultorias: Davi Rodriguez Ruivo Fernandes, psicólogo da clínica Elabore – Psicologia & Saúde, em Santo André (SP); Emanuella Novello Halabi, psiquiatra.
Texto e entrevistas: Augusto Biason/Colaborador