Nem sempre estar solteira significa estar só. Às vezes, querer ficar sozinha faz bem, principalmente ao perceber que antes de estar com alguém, precisamos estar juntos de nós mesmos, pois quando não se é capaz de inventar uma vida interessante desacompanhada, dificilmente viverá um momento bom com outra pessoa.
Mais do que valorizar os relacionamentos , nossa sociedade ainda faz piada com quem está sozinho, principalmente as mulheres, com o famoso “vai ficar pra titia”. Contudo, não somente de relações vivem as pessoas, pois podemos ter amigos, um bom relacionamento com a família e colegas de trabalho. Afinal, que atire a primeira pedra quem nunca desejou ficar quieto, sozinho, simplesmente pensando na vida ou fazendo algo que gosta sem que, para isso, seja preciso a companhia de outro alguém. Mas, por vezes, é preciso mostrar que ficar ou estar solteira é uma atitude saudável e extremamente normal. Veja os lados positivos de quem escolheu ficar só:
Previous Next TEMPOS MODERNOS: Nas últimas décadas, muitas coisas passaram por significativas transformações – uma delas em especial: as relações afetivas. A ideia de uma pessoa ser o remédio para a felicidade da outra, que nasceu com o romantismo, está predestinada a desaparecer, pois, nos relacionamentos modernos, o que se preza é a existência da individualidade, do respeito, da confiança, do companheirismo e do prazer em estar junto. Uma relação de dependência (em que um responsabiliza o outro pelo seu bem-estar), não satisfaz mais, como acontecia em tempos passados - Foto: Reprodução/Pinterest Um termo em voga neste século é “parceria” – uma troca do amor de necessidade pelo amor de desejo. Em outras palavras, a pessoa gosta e deseja estar na companhia de outra, mas não precisa necessariamente estar com ela, conforme comenta Leila Peric, psicóloga especialista em terapia cognitivo-comportamental: “os jovens cada vez mais se afastam dos sonhos de príncipes encantados em seus cavalos brancos; os idosos, diferentemente, ainda possuem a concepção de ‘meu único e verdadeiro amor’. As relações hoje precisam ser inteiras e seguras, necessitam trazer companhia para os momentos bons e também para os difíceis, uma relação de cumplicidade e respeito à individualidade de ambos”, afirma a especialista - Foto: Reprodução/Pinterest DESCOBRIR-SE: Diante de todas essas mudanças que o século XXI proporcionou, a solidão começou a ser vista como algo que se escolhe, o que não é vergonhoso. O médico e psicoterapeuta Guilherme Fainberg acredita que a melhor descoberta ao estar solteira é, justamente, a de estar bem acompanhado de você mesmo - Foto: Reprodução/Pinterest "Todas as pessoas deveriam ficar sozinhas de vez em quando para estabelecer um diálogo interno e profundo consigo mesmo para se auto descobrir. Nesses momentos, o indivíduo passa a entender que a harmonia e a paz de espírito só podem ser encontradas dentro dele e, ao perceber isso, ele se torna menos crítico e mais compreensivo diante das diferenças, respeitando a maneira de ser de cada um", explana o profissional - Foto: Reprodução/Pinterest Mas, por outro lado, o médico e psicólogo Roberto Debski também adverte: “resgatar o convívio com nós mesmos é necessário para que possamos conviver bem com os outros. O que não é saudável é viver nos extremos, sempre necessitar estar com outros ou nunca querer estar com alguém” - Foto: Reprodução/Pinterest POR QUE A SOLIDÃO? Existe uma expressão popular que ilustra as duas partes da solidão: a primeira questão é “sozinho na multidão” ou a original de Charles Baudelaire: “quem não sabe povoar sua solidão, também não saberá ficar sozinho em meio uma multidão”. Apesar de a solidão ter o seu lado positivo, ainda há um preconceito que só a associa a momentos de abandono ou tristeza - Foto: Reprodução/Pinterest De acordo com o neurocientista Aristides Brito, muitas pessoas vivem sozinhas por não conseguirem compartilhar suas emoções, seus espaços e sua individualidade. “Muitas vezes, esse comportamento também envolve a dificuldade de se comunicar, forçando a pessoa a se afastar dos demais”, acrescenta - Foto: Reprodução/Pinterest SOZINHO POR ESCOLHA: A palavra solitude foi criada pelo sociólogo Paul Tillich para que todas as pessoas pudessem expressar a glória e a felicidade em estarem sozinhas. Tom Jobim, ao contrário da ideia expressada por Paul, idealizou em sua música que “é impossível ser feliz sozinho”, terceirizando ainda mais que a responsabilidade pela felicidade está no outro, somente dividida - Foto: Reprodução/Pinterest A socióloga Erin Cornwell, da Universidade Cornell, em Ítaca, Nova York, estudou pessoas acima dos 35 anos que moram sozinhas. Durante suas pesquisas, Erin comprovou que elas fazem mais programas com os amigos. Compartilhando da mesma ideia, a pesquisa do sociólogo Benjamin Cornwell publicada na American Sociological Review aponta que pessoas que vivem sozinhas têm mais amigos - Foto: Reprodução/Pinterest “A solitude é boa. Parte de um sentimento de amor próprio e autovalorização, pois quem a possui gosta de estar com outros e de compartilhar, ou seja, tem muito que dar emocionalmente”, ressalta Roberto Debski. É provável que uma vida inteira de solitude transforme-se em solidão. A maior graça da solitude é poder escolher, saber que ela é facultativa e que, quando o coração pedir por compartilhamento, haverá pessoas que ficarão felizes em oferecê-lo - Foto: Reprodução/Pinterest
Texto : Nathália Piccoli / Colaboradora
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