Você deve estar se perguntando o que o seu cérebro tem a ver com a empatia. Acredite: muita coisa. O começo dessa viagem está em meados da década de 1990, na Itália. Em um experimento com macacos, um grupo de neurocientistas da Universidade de Parma identificou, acidentalmente, a existência dos chamados neurônios-espelho.
Empatia e neurônios-espelho
Esse sistema funciona, basicamente, da seguinte maneira: ao realizar determinada ação, certas células são ativadas. A partir dessa pesquisa, notou-se que, quando apenas se observa alguém tomando alguma atitude semelhante, os mesmos neurônios reagem.
Mas como isso pode se relacionar com a empatia? “Possuímos neurônios-espelho em diferentes áreas, como as relacionadas à percepção visual, atenção, movimento e linguagem. Essas células demonstram ser facilitadoras no processo de interação social, permitindo que o indivíduo possa prever intenções, ter uma maior compreensão das ações alheias e se conectar com o que sentem”, esclarece a psicóloga clínica Andrea Gorenstein.
Por meio desse sistema, desenvolve-se a capacidade de representar ações alheias no cérebro por parte de quem observa. “Esses neurônios se ativam quando se estabelece a empatia, sendo capazes de simular a perspectiva do outro a partir de representações internas dessas emoções. Essa parece ser a base psicológica da imitação, nossa habilidade de participar das ações do outro”, complementa Andrea.
Só que não para por aí. Além de estar ligada aos neurônios-espelho, essa habilidade social estimula outras substâncias presentes no cérebro. “O neurotransmissor que os estudos demonstram estar mais associado com o vínculo afetivo é a oxitocina”, pontua Andrea. Essa substância influencia diretamente na maneira que nós interagimos. Sendo assim, quanto mais elevados os níveis de oxitocina, maior o desejo de se relacionar com outras pessoas. Aliando os quadros, a especialista frisa que um sistema de neurônios-espelhos cada vez mais ativado desenvolve a capacidade de empatia.
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Texto: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Victor Santos
Consultorias: Andrea Gorenstein, psicóloga clínica; Breno Rosostolato, psicólogo; Dina Azrak, psicóloga do Instituto Como Falar, em São Paulo (SP).