Caracterizado pelo encurvamento e afinamento progressivos da córnea, o ceratocone é uma doença congênita, ou seja, a pessoa já nasce com a predisposição para desenvolvê-la. O problema pode ser responsável pelos altos graus de astigmatismo e miopia no portador, comprometendo sua visão.
Segundo a oftalmologista especializada na doença Myrna Serapião, o ceratocone tem uma característica peculiar que facilita sua identificação. “Uma córnea normal tem um formato arredondado, quase esférico, o que faz com que as imagens sejam focalizadas corretamente. Mas na pessoa com ceratocone, ela sofre uma deformação progressiva, tendo sua resistência e elasticidade alteradas, deixando-a mais fina e com formato cônico”, explica a doutora, vice-diretora do H.Olhos Paulista.
Em todo o mundo, cerca de 0,5% a 3% das pessoas são acometidas pela doença. Ela se manifesta de forma espontânea e em ambos os sexos, normalmente na adolescência, sendo raros os casos onde o ceratocone se desenvolve após os 30 anos. Conheça mais sobre ele a seguir.
Causas
Alguns estudos indicam que esta doença ocular pode estar relacionada a mudanças físicas e bioquímicas no tecido corneano. Entre 5% e 27% dos casos a pessoa afetada apresentou histórico da doença na família e aproximadamente um terço dos pacientes tem alergia ocular, com consequente coceira nos olhos. O ato de coçá-los com frequência está diretamente ligado ao afinamento da córnea, uma das características da doença.
Diagnóstico
Muitos pacientes não percebem o ceratocone em seu início, quando a córnea começa a se curvar. Seu nível de gravidade é classificado em quatro estágios, sendo o primeiro o mais leve. Na maioria das vezes, a doença caracteriza-se pelo surgimento de miopia ou astigmatismo. Em estágios iniciais, o paciente começa a se queixar de mudanças frequentes na prescrição dos óculos, visão borrada, embaçada, distorcida ou com halos de luz e alta sensibilidade à luminosidade.
Tratamento
Apesar de o transplante de córnea ser o único tratamento definitivo da doença, atualmente existem outros métodos que, quando indicados adequadamente pelo oftalmologista, podem melhorar a visão e a qualidade de vida dos pacientes. As opções variam de acordo com os quatro estágios da doença. Na fase inicial, a visão pode ser corrigida com o uso de óculos. Na fase moderada, recomenda-se o uso de lentes de contato específicas para ceratocone ou o implante de anel intracorneano.
A doutora Myrna aponta ainda um outro tipo de recurso, que pode auxiliar o portador de ceratocone no controle da doença. “Os pacientes que apresentam progressão documentada da doença podem ser tratados com o cross-linking em qualquer fase da doença”, acrescenta a oftalmologista. Esse é um procedimento que aumenta a resistência e a estabilidade da córnea, cuja finalidade é minimizar o desenvolvimento da doença.
Em último caso, é recomendada a cirurgia para tratar o problema, pois, nos estágios mais avançados da doença, ela é o único recurso efetivo. “Quando a doença já está em um grau muito evoluído e nenhuma das outras técnicas consegue restaurar a visão, é necessário fazer o transplante de córnea, que pode ser realizado de três formas diferentes”, explica a doutora Myrna. Conheça um pouco mais sobre cada um.
- Ceratoplastia lamelar: é o transplante da porção anterior ou posterior da córnea, indicado em casos de doenças que afetam a córnea em suas diferentes camadas;
- Ceratoplastia penetrante: é o transplante que envolve toda a espessura da córnea. Indicado em casos de doenças que afetam todas as camadas da córnea;
- Transplante de córnea a laser: é o transplante de córnea realizado por um laser com pulsos de energia de curta duração e altíssima velocidade – o laser de femtosegundo. Este permite maior precisão na incisão corneana, pois utiliza o laser ao invés de lâminas, o que aumenta a segurança do procedimento.
Texto: Redação Alto Astral | Consultoria: Myrna Serapião, oftalmologista especializada em ceratocone e vice-diretora do H.Olhos Paulista
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