Quem nunca se olhou no espelho e achou que precisava perder uns quilinhos para ficar bem? Tal prática negativa é comum, principalmente entre a população feminina, devido à cobrança pelo “corpo perfeito”. Esse contexto ou essa situação leva as pessoas a ficarem horas nas academias e adotarem dietas malucas para atingir o objetivo, muitas vezes inalcançável. Que tal entender tudo sobre transtornos alimentares?
Ter cuidado com o corpo é preciso, porém quando essa preocupação passa dos limites e torna-se uma cobrança excessiva, pode desencadear danos psicológicos e o aparecimento dos transtornos alimentares. “Estes estão relacionados aos distúrbios emocionais que se caracterizam pelo modo especial como o indivíduo se relaciona com a alimentação, e que não ocorre apenas na vigência de outros transtornos mentais, como depressões e psicoses”, explica o psiquiatra Sander Fridman.
Entenda tudo sobre transtornos alimentares
Previous Next As mulheres são as que mais sofrem com a incidência dos distúrbios alimentares, porém, nos últimos anos essa condição tem mudado e os homens começaram a figurar nos estudos sobre o assunto. Eles desenvolvem-se, em sua maioria, durante o período da adolescência e, tal fato, possui uma relação direta com o culto à imagem - Foto: Pexels De acordo com dados do Instituto Nacional de Saúde Mental dos Estados Unidos, 70 milhões de indivíduos em todo o mundo sofrem de algum tipo de distúrbio alimentar, sendo os mais comuns a anorexia, a bulimia e a compulsão alimentar. Algumas pessoas ainda podem desenvolver outros distúrbios como a anorexia alcoólica, a vigorexia e a ortorexia - Foto: Shutterstock Bulimia - A bulimia é um distúrbio alimentar relacionado à aparência física, ou seja, a pessoa enxerga-se de uma forma diferente do que ela realmente é e, na maior parte das vezes, essa imagem refletida é a de um indivíduo acima do peso. Nos casos de bulimia é comum que o indivíduo alimente-se de forma descontrolada e compulsiva, porém, logo após a ingestão exagerada de alimentos, existe a necessidade de livrar-se do que consumiu - Foto: iStock Para isso, faz uso de laxantes e diuréticos ou remédios que induzem o vômito, passam a jejuar por um longo período ou fazem exercícios em excesso a fim de queimar as calorias ingeridas. Perfeccionismo, aversão a conflitos, habilidade emocional comprometida, insegurança sobre a própria imagem, medo do abandono, dificuldade de verbalizar os sentimentos, baixa autoestima e vivências traumáticas na infância são fatores identificados pela psiquiatra Aline Sabino em pacientes com bulimia - Foto: Pexels Entretanto, observar quem sofre com a doença não é tarefa fácil, já que a pessoa não admite estar com esse tipo de problema. Por isso, é preciso procurar ajuda de um profissional especializado, seja um psicólogo ou psiquiatra - Foto: iStock Anorexia - Assim como acontece com os casos de bulimia, esse transtorno está relacionado à insatisfação com a imagem. A diferença é que as pessoas com anorexia deixam de se alimentar de forma satisfatória e ficam longos períodos de jejum - Foto: iStock Elas podem desenvolver comportamentos como contar a quantidade de água presente no alimento e quanto eles pesam. O vômito pode ser uma consequência não intencional, já que, como a pessoa deixou de comer, quando ela o faz passa mal, além de ter sintomas como dores estomacais - Foto: iStock Em relação aos fatores identificados em pacientes com anorexia, a psiquiatra ressalta a grande preocupação com a autonomia, autocrítica acentuada, perfeccionismo, baixa autoestima, muita sensibilidade à crítica dos outros e história de abuso físico e sexual na infância. A anorexia pode ser diagnosticada de forma mais fácil, pois o indivíduo começa a emagrecer drasticamente, sendo visível a mudança no corpo - Foto: iStock A incidência mundial de mortes relacionadas à anorexia em mulheres entre 15 e 24 anos é 12 vezes maior que qualquer outra causa nessa faixa etária, segundo o Centro Nacional de Informações sobre Transtornos Alimentares, do Canadá - Foto: iStock Compulsão alimentar - A característica mais comum de quem sofre com esse transtorno é a ingestão exagerada de alimentos, até mesmo quando tem em mente que não precisa mais comer. Isso ocorre pois há um desequilíbrio nos mecanismos que controlam a sensação de fome e de saciedade e o problema, na maioria das vezes, está associado a sentimentos de depressão e ansiedade - Foto: iStock De acordo com a Associação Americana de Psiquiatria, a compulsão alimentar atinge de 2% a 4% da população mundial. “Em geral, há preferência por ficar sozinho, constrangimento pela quantidade de alimento que ingere, tristeza, culpa, dependência de substâncias químicas, transtornos de personalidade, sentimento constante de que não é possível controlar o que e quanto se come”, cita Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo - Foto: iStock O tratamento consiste em uma mudança comportamental na qual a pessoa faz uma reeducação alimentar e investe em exercícios físicos, mudando o estilo de vida - Foto: iStock Anorexia alcoólica - É fruto de uma associação entre os sintomas da anorexia nervosa com o consumo de álcool, ou seja, a pessoa alivia as emoções, como a ansiedade e a frustração, por meio do consumo de bebida alcoólica, o que reduz o apetite e eleva a sonolência - Foto: iStock Ortorexia - É um transtorno caracterizado pelo desejo obsessivo de seguir padrões alimentares rigorosos em busca de uma alimentação saudável. Ocorre uma preocupação excessiva com a qualidade da alimentação, limitando a variedade e excluindo certos grupos, como carnes, laticínios, gorduras, carboidratos – sem fazer a substituição adequada - Foto: iStock Tal condição pode levar o paciente a desenvolver quadros de carências nutricionais ou a um quadro grave de distúrbio da conduta alimentar - Foto: iStock Vigorexia - Caracteriza-se por ser uma preocupação contínua e excessiva com o corpo e a busca pela hipertrofia muscular, ou seja, pelo aumento dos músculos. “Em geral, a pessoa sente vergonha de seu corpo e, por isso, recorre a exercícios físicos em excesso e outros recursos, como a ingestão de proteínas ou esteroides anabolizantes para acelerar a hipertrofia”, explica a profissional - Foto: iStock Os hábitos decorrentes da vigorexia podem causar problemas físicos, como desproporcionalidade corporal, assim como problemas ósseos, devido ao excesso de peso e dieta adotada - Foto: iStock Onde procurar ajuda? - De acordo com Sander, cada caso necessita de um acompanhamento particular e a ênfase adequada deve ser dada aos fatores determinantes para cada paciente. O indivíduo identificado com um transtorno alimentar deve procurar ajuda especializada, seja de psiquiatra ou de psicólogo, e um profissional para tratar os problemas nutricionais para ajustar a alimentação - Foto: iStock “O papel do nutricionista é importante para orientar as práticas alimentares adequadas, porém o trabalho em equipe multidisciplinar é fundamental para que o tratamento seja eficaz”, afirma a nutricionista Evelin Siqueira, da Clínica Dr. Família - Foto: iStock Texto: Julia Bacelar/Colaboradora | Consultoria: Sander Fridman, psiquiatra do Hospital Adventista Silvestre; Aline Sabino, psiquiatra da Rede de Hospitais São Camilo de São Paulo; Evelin Siqueira, nutricionista da Clínica Dr. Família.
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