As relações pessoais e profissionais têm demandado cada vez mais eficiência. Seja por distração ou pela quantidade de informações a que estamos submetidos, conciliar atividades cotidianas se mostra um processo complexo. Ademais, a vida pode, muitas vezes, cobrar o máximo de produtividade – o tempo, contudo, não parece ser mais vasto. Em meio a tantas exigências, a procrastinação é recorrente e, ao mesmo tempo que traz um conforto momentâneo – fruto de se livrar da tarefa e transferí-la para seu eu do futuro –, dificulta ainda mais a realização das obrigações. Mas claro, não são só responsabilidades as prejudicadas pelo ato de procrastinar.
Nossos desejos e anseios também podem ficar mais distantes conforme os adiamos. “Procrastinação é a tendência de adiar a iniciação e conclusão de algo”. A definição do neuropsicólogo Thiago Gomes já deixa bem clara a relação da procrastinação com a produtividade. Conforme tardamos excessivamente a terminar as tarefas, toda a rotina de afazeres pode ficar bagunçada. Todavia, o comportamento não é um transtorno ou uma disfunção psiquiátrica, mas apresenta consequências no cotidiano.
“Embora a procrastinação não seja um diagnóstico psiquiátrico, alguns estudos apontam que este comportamento está associado ao aumento do estresse e da ansiedade, podendo refletir também no desempenho na escola ou no trabalho”, explica Thiago. Outra questão ressaltada por Gomes é a falta de autocompaixão. Não ser compreensivo em relação a si mesmo leva a julgamentos e autocrítica muito intensos ao procrastinar.
O ciclo decorrente disso pode explicar o estresse sentido, conforme explica o neuropsicólogo: “um estudo revelou uma associação negativa moderada de procrastinação com a autocompaixão. Os achados dessa pesquisa sugerem que níveis mais baixos de compaixão pessoal podem explicar algumas das tensões experimentadas pelos procrastinadores. Dessa forma, as intervenções que promovem a compaixão de si mesmo poderiam, portanto, ser benéficas para esses indivíduos”.
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Texto: Angelo Matilha Cherubini
Consultoria: Thiago Gomes, neuropsicólogo e professor de Gestão de Qualidade e
Produtividade na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ).