Há alguns aspectos que estão diretamente ligados e interferem na questão da diferença de inteligência entre as pessoas. O primeiro deles é o famoso Fator ou Teoria G, descrito pelo psicólogo inglês Charles Spearman nas primeiras décadas do século 20.
Na época, Charles notou que a habilidade cognitiva de uma pessoa era definida por processos mais abrangentes relacionados à atividade mental (Fator G). A psiquiatra Julieta Guevara aponta que essa vertente é “subjacente a todo tipo de atividade intelectual natural aos seres humanos”. Já a segunda parte é composta por características subjetivas e individuais (Fator S, mais específico). Para Julieta, o Fator S “depende de outras variáveis, como experiência e treinamento, que são passíveis de aprendizado”.
Apesar de as definições serem, de certo modo, simples, compreender seu funcionamento é algo que ainda intriga os profissionais que estudam o assunto. “Desde então, os psicólogos tentam acertar esse Fator G, que é apenas um conceito teórico, ou seja, não existe fisicamente. A gente não consegue pegá-lo, pois não é algo concreto”, pontua o doutor em ciências médicas Marcelo Batistuzzo.
Além disso, outra teoria busca, por meio de suas subdivisões, esclarece esse sistema cognitivo que nos acompanha por toda a vida: os conceitos de inteligências cristalizada e fluida. “A primeira é tudo aquilo que a gente aprende, como o vocabulário: vamos aprimorando nosso vocábulo e ampliando a sua capacidade. Isto é, alguém falou, e a gente guardou em algum lugar”, explica Batistuzzo.
Já a segunda parte não se acumula com o tempo, pois se relaciona mais a questões instantâneas. “A inteligência fluida está ligada à memória operacional, que é a capacidade de manipular estímulos mentalmente”, completa o doutor em ciências médicas. Esse caso ocorre, por exemplo, na memorização de sequências numéricas em um intervalo de tempo.
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Texto: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Entrevistas: Augusto Biason e Vitor Manfio/Colaboradores e Victor Santos – Consultorias: Julieta Guevara, psiquiatra e diretora da Neurohealth — Centro de Métodos Biológicos em Psiquiatria, no Rio de Janeiro (RJ); Marcelo Batistuzzo, doutor em ciências médicas