Estima-se que a população feminina tenha o dobro de chances de desenvolver a depressão em comparação aos homens. Além disso, as mulheres consomem cerca de 70% dos antidepressivos disponíveis no mercado, conforme a Organização Mundial da Saúde. Segundo a psicanalista Beatriz Breves, essa discrepância acontece por que “as mulheres ainda ocupam uma posição aquém dos homens no mundo. Em uma sociedade machista, a igualdade de direitos continua longe de ser conquistada, e isso prejudica a autoestima”, afirma.
Na visão dos especialistas, a inserção da mulher no mercado de trabalho ainda está associada à manutenção da visão de que trabalhos domésticos são responsabilidade delas. Outro fator importante para essa incidência está relacionado às características hormonais. “Puberdade, ciclos menstruais, gravidez, parto e menopausa… Por isso, elas ficam mais vulneráveis à depressão”, aponta o psicanalista Paulo Paiva.
Há ainda a possibilidade da depressão pós-parto, que pode durar de semanas a meses após o nascimento do filho. “É comum essas mães se sentirem incapacitadas para lidar com a complexidade das demandas e exigências que enfrentarão com a criança que acaba de nascer”, analisa o psiquiatra Rodrigo Pessanha.
Outros grupos
Além de questões como a maior incidência da depressão nas mulheres, existe a dúvida se a depressão atingiria certos grupos de risco, como os idosos. “Depende de que idosos estamos falando, pois há pessoas com uma surpreendente capacidade de administrar as questões da velhice”, explica a professora de psicologia Valéria Lopes da Silva, “mas, se o idoso não dispõe de muitos recursos para lidar com esse momento, pode vir a se deprimir”.
A profissional destaca que uma incidência maior pode ser vislumbrada em adolescentes, por exemplo, por conta das alterações de humor. Ainda assim, o também professor e psicólogo Alex Machado alerta que passar por situações difíceis pesa muito mais na hora de diagnosticar a depressão do que tentar visualizar grupos de risco. “O foco do profissional deve estar nas condições aversivas vivenciadas, e não em grupos específicos”, comenta.
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Consultorias: Alex Machado, professor de psicologia da Faculdade Pitágoras de Linhares (ES); Beatriz Breves, psicanalista e fundadora da Sociedade da Ciência do Sentir; Paulo Paiva, psicanalista e coach; Rodrigo Pessanha, psiquiatra; Valéria Lopes da Silva, professora de psicologia da Faculdade Anhanguera de Anápolis (GO).
Texto: Augusto Biason/Colaborador e Victor Santos – Entrevistas: Ricardo Piccinato