De uns tempos para cá eles vêm ganhando espaço na mesa de uma parcela dos brasileiros, os produtos orgânicos passaram a ser recomendados por nutricionistas e pessoas que buscam uma vida mais saudável. Apesar de, geralmente, apresentarem um tamanho menor e um preço maior, são conhecidos como alimentos nutritivos e saborosos. Será mesmo? “É preciso criar um vilão, um inimigo público, para que em seguida os comerciantes orgânicos venham vender a solução para o problema pelo triplo do preço”, afirma o jornalista Nicholas Vital. “A realidade é que os orgânicos são consumidos exclusivamente pelos mais ricos. 99% da população se alimenta com produtos convencionais e o que vemos hoje são pessoas vivendo mais e melhor.” Conheça alguns dos mitos sobre alimentos orgânicos:
1º Orgânicos são mais saudáveis
Apesar de serem conhecidos como opções que garantem mais benefícios à saúde, tais produtos não trazem informações sobre a superioridade nutricional, principalmente, pelo fato de não conseguirem respaldo científico. Pesquisadores da Universidade de Stanford, nos Estados Unidos, divulgaram uma revisão de 237 estudos que comparavam os produtos orgânicos com os convencionais. “Quando iniciamos este projeto, nós imaginávamos que encontraríamos alguns resultados que confirmassem a superioridade dos produtos orgânicos sobre o alimento convencional”, disse Dena Bravata, um dos responsáveis pelo trabalho, em entrevista ao jornal e New York Times. “Nós ficamos totalmente surpresos com os resultados.”
2º Orgânicos são mais saborosos
O Instituto de Tecnologia de Alimentos (Ital) realizou um comparativo entre trabalhos científicos de diversas épocas e constatou que as duas categorias de produtos, produzidos de forma orgânica e convencional, foram considerados praticamente idênticos. Não é possível diferencia-los nem mesmo em testes laboratoriais. “Ambos os argumentos contribuem fortemente para que tais produtos possam ser precificados com valores acima dos produtos convencionais, trazendo prejuízos para os consumidores e também aos produtores”, afirma o relatório do Ital.
3º Orgânicos são mais sustentáveis
A produção orgânica é mais sustentável. Certo? Nem sempre. Esse é mais um dos mitos sobre alimentos orgânicos. Eles precisam de um espaço muito maior para serem cultivados. No caso do milho, a colheita quase quintuplicou: de 21 milhões de toneladas em 1980 para 96 milhões de toneladas hoje, enquanto a área de cultivo aumentou só 40%. De acordo com cálculos do jornalista Leandro Narloch, “se tivéssemos que chegar à produção atual de milho com o plantio natural e orgânico dos nossos avós, seria necessário ocupar mais 38,1 milhões de hectares além dos 17 milhões atuais. Ou seja: só o aumento da produtividade do milho evitou a ocupação de uma área maior que os territórios de Roraima e do Acre.”
4º São livres de aditivos químicos
Uma enquete realizada pelo site Consumer Reports mostrou que 81% dos norte-americanos acreditam que os alimentos orgânicos não possuem agrotóxico. O que trata-se de um equívoco, pois possuem. A diferença é que os pesticidas são utilizados na forma encontrada na natureza. O que não significa que não sejam tóxicos. No Brasil, o mais recorrente é o óleo de neem, originário da Índia, que possui mais de 180 compostos bioativos.
5º Orgânicos vão alimentar a humanidade
A ideia de que tal produção poderia gerar uma quantia significante de comida é outro dos mitos sobre alimentos orgânicos. Segundos dados da IFOAM, Federação Internacional dos Movimentos da Agricultura Orgânica, as lavouras orgânicas ocupam 43,7 milhões de hectares, aproximadamente 0,9% do total de áreas dedicadas a agricultura do mundo. No Brasil, esse número é de 750 milhões de hectares para cultivo orgânico. A produção é tão limitada devido a baixa procura pelo produto.
Texto: Michele Custódio/Colaboradora | Consultoria: Dena Bravata, pesquisador; Leandro Narloch e Nicholas Vital, jornalistas
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