Há algumas décadas, ao escolher o que comer, era fácil encontrar carne fresca no açougue da esquina, vegetais sem aditivos no sacolão do bairro e leite ensacado direto da roça. Os tempos mudaram, os hábitos também e, como era de se esperar, a indústria adaptou-se ao novo contexto. Os conservantes entraram com tudo, assim como os corantes e outros itens adicionados a cada mercadoria, tudo explícito nos rótulos, certo? Errado! Infelizmente, é comum que as descrições dos produtos tenham informações omitidas (ou equivocadas), confira:
Zero gordura ou baixo teor de gordura
Como a gordura foi tratada durante anos como a vilã de um organismo saudável, criou-se o mito de que ela deveria ser eliminada das dietas de quem busca o emagrecimento, por exemplo. Por esse motivo, começaram a surgir produtos com os termos “zero gordura” ou “baixo teor de gorduras” nos rótulos. No entanto, quando a gordura de alimento é retirada, o resultado é algo sem sabor, que não atrai nossos paladares e, para compensar, é comum a adição de açúcar, edulcorantes artificiais e outros produtos químicos industrializados que fazem mal ao nosso organismo.
Produto integral
O consumo desse tipo de alimento cresceu ao longo dos anos, junto à crença de que eles são mais saudáveis. É fato que grãos integrais são melhores do que os refinados, mas o problema é que os grãos integrais não são sempre integrais. Eles são pulverizados em farinha muito fina, que não contém todos os ingredientes do grão e acaba resultando em picos de açúcar no sangue, colaborando para uma digestão tão rápida quanto à feita com grãos refinados. Fora a adição de diversos outros itens prejudiciais na composição, como açúcar e xarope de milho.
Sem gorduras trans
Alguns rótulos podem indicar “0 gramas de gordura trans”. No entanto, se o alimento contém menos de 0,5 gramas por porção, essa informação pode ser desconsiderada. Para garantir, cheque nos ingredientes se há presença de óleo hidrogenado.
Não contém açúcar
Para começar, é preciso saber que existem diversos tipos de açúcares, naturais e artificiais e é comum que os rótulos se aproveitem disso para disfarçar a presença do ingrediente. Um alimento pode conter “açúcar”, “xarope de milho” ou “sacarose”, diferentes nomes para uma mesma coisa e, muitas vezes, eles aparecem separados nas informações nutricionais, mas se somarmos os valores, eles podem ser assustadores. Além disso, o “não contém açúcar” que aparece nos rótulos ignora a sacarose, presente em praticamente todos os alimentos industrializados e nas frutas. Há, ainda, a maltodextrina, muito presente em chocolates e paçocas diet.
Baixa ou nenhuma caloria
Aparecem como alternativa saudável para quem quer perder peso, mas em sua composição contém adoçantes artificiais em vez de açúcar. O problema é que adoçantes podem afetar a ingestão de alimentos e levar os indivíduos a comerem mais.
Além disso, o teor de calorias, assim como o de açúcar, é disfarçado, por meio da divisão de porções, já que os rótulos indicam os valores nutricionais referentes a apenas um pedaço do produto, quando, naturalmente, as pessoas costumam ingeri-lo por inteiro.
Consultoria: Janaina Koenen, médica especialista em Endocrinologia e Metabologia pela Sociedade Brasileira de Endocrinologia e Metabologia (SBEM)
LEIA TAMBÉM
- Culinária brasileira: como deixar alguns pratos típicos mais saudáveis?
- Eles matam a fome! Confira uma lista de alimentos que causam saciedade
- Vilãs ou mocinhas? Como as substâncias presentes na alimentação influenciam no organismo