A vida agitada com a qual a maioria das mulheres convive atualmente não é nada fácil. Ao mesmo tempo em que cuidam da casa e da família, ainda se preocupam com o sucesso da carreira, com a boa aparência e, é claro, com o fator mais importante de todos, a saúde. Todo esse acúmulo de afazeres acaba gerando um estresse maior, que pode prejudicar não só a rotina da mulher, mas também o seu próprio bem-estar, se acumulado por muito tempo. Por isso, a palavra de ordem é, sem dúvidas, desacelerar.
O estresse pode contribuir para o surgimento do infarto, assim como prejudicar diversas outras áreas da saúde. Entretanto, infelizmente, essa não é a única causa pela qual as mulheres são maioria quando o assunto é a doença. “Como o músculo cardíaco e as artérias coronárias nas mulheres possuem algumas particularidades em relação aos dos homens, as manifestações também podem ser diferentes, caracterizando o chamado infarto feminino”, explica o especialista em cardiologia Cyro Vargues.
Fator mulher
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), cerca de 200 mulheres morrem por dia em decorrência do infarto. O motivo? 20% delas são fumantes, 40% têm consideráveis aumentos de gordura abdominal, 23% têm a pressão arterial desregulada, dentre outras situações que acabam impondo um risco a mais, como o cigarro, o estresse e o colesterol alto. Mas além de tudo isso, o fator longevidade também deve ser levado em consideração. “Como a mulher vive mais do que o homem, depois da menopausa, a ala feminina apresenta mais doenças do que os homens. O sexo masculino apresenta mais problemas até a menopausa da mulher. Depois, ocorre um equilíbrio”, frisa o cardiologista da Incor, Roberto Giraldez.
O hormônio feminino
O estrogênio, que tem atuação no controle da ovulação e na formação das características femininas, é alvo de estudos que o co-relacionam à saúde do coração. “Durante muitos anos, acreditou-se que ocorria uma grande contribuição dos hormônios femininos para a doença. Ainda acredita-se nisso, mas não se sabe como funciona. A partir dessa ideia, começou-se a fazer uma reposição hormonal nas mulheres depois da menopausa. Pensou-se que, se os hormônios protegem as mulheres, vamos dar hormônio para prevenir a doença, nada mais lógico. Entretanto, essa reposição hormonal após a menopausa tem uma tendência a aumentar os riscos de ter a doença do coração”, esclarece Giraldez.
Anticoncepcionais
O assunto, que vem ganhando destaque na mídia nos dias atuais, deve ser encarado com todo o cuidado e atenção. Isso porque, mulheres que têm pressão alta ou algum tipo de complicação cardíaca, nunca devem tomar pílulas anticoncepcionais sem consultar um médico previamente. Estudos mostram que o risco de sofrer com tromboses – formação de um trombo (ou coágulo) sanguíneo nas artérias – aumentam consideravelmente com o uso desse tipo de medicamento. A razão pela qual isso ocorre é a alta quantidade de estrogênio presente na pílula, que acaba dilatando os vasos sanguíneos e diminuindo a pressão sanguínea, fator que ocasiona a queda do ritmo cardíaco natural e pode estar diretamente ligado ao risco de infartos.
Parada obrigatória
A menopausa, conhecida como a época em que existe a interrupção fisiológica dos ciclos menstruais, também pode ser considerada um gatilho a mais para o infarto. “A doença coronariana nas mulheres aparece, geralmente, após a menopausa, fato que coincide com a queda natural do hormônio estrogênio, que é um protetor natural do coração”, conta Cyro. Os números não mentem: as mulheres que se encontram nessa fase têm as chances duplicadas de sofrer com a complicação cardíaca em relação às mais jovens. Por esse motivo, levar uma rotina mais leve, ainda mais nessa época, é fundamental para a saúde, tanto física quanto mental.
Você sabia?
A lipoaspiração – procedimento estético que visa retirar o acúmulo de gorduras de uma certa área do corpo da mulher, sendo mais comum a região abdominal – não evita o infarto. Isso porque os danos acumulados com anos de alimentação irregular pode acumular partículas de gorduras nas artérias e, caso os antigos hábitos não sejam modificados, dificilmente a situação se reverterá.
Texto: Paula Santana
Consultoria: Cyro Vargues e Roberto Giraldez, cardiologistas
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