Segundo um estudo realizado pela própria Netflix, 7 em cada 10 jovens brasileiros apreciam se ver nas telas. Isto é, eles gostam de poderem se identificar com os personagens dos filmes e séries que escolhem assistir. Isso explica, pelo menos em partes, a importância de ‘Eric‘, na série ‘Sex Education‘ e a identidade de gênero, por exemplo.
Para quem não sabe, o personagem gay interpretado por Ncuti Gatwa no seriado é representado de uma maneira muito diferente do que estamos acostumados a ver normalmente nas superproduções. Além dele ter o apoio da família, que sente orgulho de suas escolhas sexuais, ele também aprende a não ter vergonha de ser quem ele é, fato que é ainda mais ressaltado quando ele começa a procurar se vestir com roupas e maquiagens consideradas de “mulher”. (Fora que seu melhor amigo é branco, hétero e o apoia como ninguém).
Um bate-papo sobre Identidade de Gênero
Durante o primeiro dia do Festival Tudum, no último sábado (25), Vítor diCastro do ‘Quebrando o Tabu‘, Mandy Candy e Jonas Maria, ambos transexuais, se reuniram para conversar sobre identidade de gênero e mostrar a importância deste tipo de conteúdo nas telas.
Para Vítor, que comandava a palestra, um dos pontos mais importantes é simplesmente entender e descobrir que a transexualidade existe, isto porque a comunidade foi sempre colocada à margem e nunca como protagonista.
Repetidamente pessoas trans foram retratadas no cinema de forma cômica (para tirar sarro, como se fossem uma caricatura); exótica (como se precisassem ser explorados ou anormais); e até mesmo de maneira fatalista (“ser trans vai te levar à morte“). Tudo isso sem o menor interesse pela real narrativa e história que existe por trás de uma pessoa que é, na verdade, como qualquer outro ser humano: com suas peculiaridades e particularidades. Afinal, o que é de fato ser normal?
Mandy também lembrou o quanto ter pessoas que te apoiem por perto é importante. “A minha história é muito diferente da que as pessoas veem normalmente. Se hoje eu estou aqui falando com vocês, tenho meu canal e o meu salão é porque minha mãe me apoiou.”
Por outro lado, o caso de Jonas Maria não “foge da regra” e a sexualidade do escritor ainda não é aceita pela mãe, que continua o chamando pelo nome de registro, por exemplo. “Eu nunca sofri nenhum tipo de violência física na rua, mas violência verbal ou simbólica como essas, foram inúmeras as vezes.”
Os três falaram sobre o quanto se sentir representado de forma positiva principalmente por uma comunidade é importante nesse processo de descoberta, que muitas vezes pode ser extremamente solitário quando você não tem por perto um exemplo concreto daquilo que você é. “Isso muda a forma como a gente começa a se enxergar. A comunidade (trans) se criou com base no ódio ao corpo e isso precisa mudar“, ressaltou Jonas.
Para finalizar, Vítor também aponta o quanto essa representação da identidade de gênero é essencial para além da comunidade trans. “Para pessoas cis é muito importante ver como os outros são diferentes“, isto porque as nossas características únicas nos tornam distintos, mas nunca melhores ou piores do que uns aos outros.
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