Segundo explica o neurologista Antonio Cesar Galvão, a reação de estresse é algo essencial à vida, ou seja, precisa existir para o corpo se posicionar de maneira adequada às emergências do dia a dia. Sendo assim, poderíamos considerá-lo como algo benéfico. “É uma maneira de permanecer vivo e reagir às agressões do meio em que se vive”, define Galvão. Mas o fato é: o estresse pode se tornar patológico quando acionado por sentimentos como ansiedade, angústia ou depressão.
Nesse momento, ocorre uma resposta à exposição a ambientes negativos ou as mudanças bruscas no estilo de vida da pessoa. “Dessa forma, estar estressado exageradamente pode prejudicar os mecanismos de defesa neuroquímicos e imunológicos, aumentando as chances de surgirem doenças, especialmente cardiovasculares – como infarto e hipertensão”, comenta Galvão.
Podemos definir o estresse, precisamente, como a soma de respostas físicas e mentais que um ser vivo qualquer – homem ou animal – apresenta frente a um estímulo externo ambiental – os estressores. É uma reação do corpo a quaisquer exigências e que permite ao ser vivo superar e se adaptar a elas. Agora, de maneira menos científica, como descreve o neurologista, é o desgaste físico, emocional e mental causado por esse processo. Ele explica que, na verdade, o termo correto para falar sobre esse estado seria “distresse” ou esgotamento, mas a palavra caiu em desuso e usa-se o termo estresse para os dois.
Desencadeadores do estresse
Por mais que o estresse seja considerado uma reação intrínseca ao organismo do indivíduo, quando manifestado de maneira não natural e descontrolada, tem como estímulo alguns fatores que podemos dividir em:
- Acontecimentos biográficos críticos: fatos que exijam uma restauração ou mudança profunda na vida de alguém. Eles podem ser positivos ou negativos, mas favorecem reações emocionais de longa duração, como a perda de um filho, um casamento…
- Estressores traumáticos: acontecimentos traumáticos que ultrapassem a capacidade de adaptação, como abuso sexual ou bullying;
- Estressores cotidianos: desgastes do dia a dia do indivíduo, mas que causam algum tipo de frustração pessoal. Podemos citar problemas com peso ou aparência corporal;
- Estressores crônicos: são situações que se estendem por um longo período e resultam em desgaste emocional e físico, como excesso de trabalho, insônia, entre outros.
Resultados futuros
Mas, afinal, o que acontece com o nosso corpo depois de lidar com todos esses problemas? Galvão alerta que quadros de estresse crônico podem prejudicar profundamente o indivíduo. A reação crescente e constante aos estressores induz a hipófise a produzir mais hormônio ACTH que, ao atuar sobre as glândulas suprarrenais, aumenta excessivamente a liberação de cortisol. Essa liberação crônica e repetitiva pode ocasionar vários problemas.
“Posso citar a inibição da síntese proteica, a quebra de proteínas nos músculos, ossos e tecidos linfáticos, aumento do nível de aminoácidos no sangue, excesso de produção de glicose, inibição do sistema imunológico, diabetes e o aumento de colesterol e triglicérides”, explica o neurologista. Ele acrescenta que a imunidade também é afetada, o que favorece a possibilidade de infecções, além dos problemas causados no sistema digestivo, no aparecimento de dores crônicas ou deficiências cerebrais.
A seu favor
A melhor maneira de lidar com o estresse é utilizando-o em benefício próprio. De acordo com um estudo da Universidade Stanford, nos Estados Unidos, conservar certa tensão – sem exageros – pode deixar você mais feliz e saudável. Então, tente usar qualquer pressão ou nível moderado de estresse para:
- Ficar mais atento durante reuniões de trabalho ou qualquer atividade em grupo.
- Tomar decisões mais rápido, já que sua assertividade para defender interesses fica mais aflorada.
- Estimular a memória. Momentos de certa ansiedade fazem com que o cérebro produza novas células e, portanto, aja na maior absorção de conhecimento, ainda que gradativa.
Consultoria: Antonio Cesar Galvão, neurologista do Centro de Dor e Neurocirurgia Funcional do Hospital 9 de Julho
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