No século 21, a nossa rotina é cada vez mais rápida e dinâmica. As pessoas têm tempo para tudo e para todos, menos para elas mesmas. Dessa maneira, a vida perde a direção e também a capacidade de surpreender com caminhos novos e interessantes. Isso pode trazer decepções, pois nem tudo depende de nós.
Se algo planejado não é realizado com sucesso, o risco das desilusões aumenta. A psicóloga e gestora de pessoas Juliana Albuquerque comenta: “É importante ter objetivos de vida, mas, para evitar sofrimento, a melhor opção é deixar as coisas fluírem naturalmente, respeitando o tempo sem perder o horizonte”.
Sinal amarelo
A vontade de manter um controle excessivo sobre a rotina atrapalha e bloqueia a possibilidade de coisas novas acontecerem. Migrar para uma postura mais equilibrada, flexível e relaxada pode ser o caminho ideal para encontrar a felicidade, a tranquilidade e para conhecer a si mesmo. A psicóloga e especialista em terapia comportamental Estela Noronha afirma que o foco e o equilíbrio fazem bem ao corpo e à mente.
“É importante que se tenha foco e objetivo. A determinação é a fonte da disciplina, da autodeterminação e da capacidade de lutar pelas metas. Mas não se deve tornar-se escravo delas. O indivíduo precisa ser autor da sua vida, da sua história e dos seus sonhos. Relaxar e desacelerar o pensamento promove emoções saudáveis e uma mente livre e criativa”, declara a especialista.
Na medida certa
A pessoa controladora é perfeccionista e não desvia por um minuto os olhos de seus objetivos. Na busca pelo sucesso, um erro pode ser motivo de angústia e frustração, além de ficar a um passo de causar seu próprio isolamento. “O controlador é minucioso, faz muitas exigências, acaba sendo repetitivo, vive num círculo vicioso refém de si mesmo. É ansioso, assustado, vive com medo, com insônia, com obesidade, preocupado, com dor de cabeça e muito frustrado”, explica a psicóloga Silvia Succi.
O controle não precisa ser visto como algo sem serventia. É necessária uma posição firme diante de muitos acontecimentos, mas sem uma rigidez em excesso que prejudique e impeça de chegar mais longe. A psicóloga Estela Noronha ressalta: “Controle em si, não é ruim, ao contrário, é importante e nos dá um prumo na vida. É o excesso dele que nos prejudica. Augusto Cury tem uma frase que julgo ser muito boa para descrever como o controle deve influenciar nossa rotina: Ele diz: ‘Pensar é bom, pensar com lucidez é ótimo. Porém, pensar demais é uma bomba contra a saúde psíquica, o prazer de viver e a criatividade’”.
O mundo das desilusões
A ilusão de controle sobre tudo e todos é um fenômeno que engana. Ninguém é super-herói de histórias em quadrinhos. É uma espécie de pensamento mágico, como se fosse capaz de mudar o mundo e resolver tudo sem a interferência dos fatores externos. A ilusão de comando tem o seu lado positivo: faz acreditar que o possível e o impossível podem acontecer, surtindo efeito na motivação e na confiança. Mas, ao mesmo tempo, joga fora a realidade.
É aí que mora o perigo. É preciso reconhecer que vivemos em uma realidade na qual nem tudo depende das suas ações. Além disso, é necessário saber que ninguém é o dono da verdade ou do mundo, mas que é preciso, sim, colocar os pés no chão e viver dia após dia como se fosse o último, com intensidade e com tempo para você.
A vida com controle remoto
Uma pessoa excessivamente controladora pode ser egocêntrica e individualista, fazendo mal a si mesma e às pessoas ao seu redor. Segundo Estela Noronha, todo controlador tem um grau de imaturidade emocional que acompanha algumas necessidades neuróticas de poder, de estar sempre certo, de controlar os outros e ser o centro das atenções. Estela selecionou dez características básicas que essas pessoas podem apresentar ao longo da rotina. Saiba como identificar:
• Mente inquieta ou agitada
• Insatisfação, impaciência e irritabilidade
• Cansaço físico exagerado e visível
• Sofrimento excessivo por antecipação
• Pequenos problemas causando grandes impactos
• Dor de cabeça e dor muscular
• Queda de cabelo acentuada, taquicardia, aumento da pressão arterial
• Déficit de concentração ou déficit de memória
• Insônia
Texto e entrevistas: Nathália Píccoli
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