Lavagem cerebral é uma prática de manipulação usada para acessar o consciente e o inconsciente das pessoas. Seja por meio de atos violentos ou técnicas psicológicas, a lavagem cerebral afeta em cheio o cérebro, podendo deixar sequelas permanentes.
Manipulação cerebral
O córtex pré-frontal é a área do cérebro responsável pela racionalidade. Portanto, a manipulação deve se encarregar de fazer com que esse local trabalhe o menos possível. Normalmente, outras partes do cérebro filtram as informações que chegam ao córtex. Porém, esse controle fica comprometido durante momentos de estresse. Por isso, muitas vezes, quando alguém quer dominar mentalmente outra pessoa, tenta esgotar sua vítima, causando medo e cansaço e, assim, deixando-a vulnerável.
Em ação
O psicólogo Breno Rosostolato faz referência à neurologista Kathleen Taylor, da Universidade Oxford, que publicou o livro Brainswashing – The Scienceof Thought Control (Lavagem Cerebral – A Ciência do Controle Mental, sem tradução para o português): “ela diz que o cérebro não possui muitos recursos diante de algo que provoca uma reação emocional nele e apenas procura lidar com este estímulo. Logo, em um primeiro momento, o juízo crítico e discernimento ficam enfraquecidos e, consequentemente, mais vulneráveis. Ou seja, é neste momento que a emoção despertada se liga a uma ideia ou concepção”.
Cérebro dominado
Um dado interessante é que o cérebro costuma dividir comportamentos diferentes em áreas distintas do órgão (como trabalho, família, lazer…) Assim, quanto mais fraca uma área, mais frágil ela fica diante de ações de manipulação. O fato explica, por exemplo, como um torturador pode maltratar um indivíduo e, mesmo assim, ser amoroso com a família.
Manipuladores sabem muito bem como agir. Palavras com conceitos abstratos, isto é, com diferentes interpretações, são bastante usadas por eles, já que são interpretadas pelo cérebro com uma forte carga de emoção, ficando bem fixadas no inconsciente. Gerar sensação de culpa (para que a vítima se sinta responsável por tudo o que ela está sofrendo), falta de privacidade (que atrapalha o processamento mental) e cantos ou frases repetitivos (que ajudam a fixar o conteúdo a ser imposto) são outros exemplos de técnicas típicas.
Apesar dos avanços da neurociência sobre o assunto, ainda há muito o que pesquisar. Contudo, os estudos, muitas vezes, são barrados por questões éticas.
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Consultoria: Breno Rosostolato, psicólogo clínico e professor da Faculdade Santa Marcelina (FASM), em São Paulo (SP)
Texto: Natália Negretti