O que leva um psicopata a apresentar comportamentos tão frios e calculados? Um estudo feito pela Universidade de Vanderbilt, nos Estados Unidos, mostrou que o cérebro psicopata é viciado em dopamina, o neurotransmissor ligado à sensação de prazer.
A pesquisa encontrou evidências de que o órgão de um indivíduo com o transtorno produz esse hormônio em escalas muito maiores, o que hiperativa a área de recompensas. Isso levaria os psicopatas a serem extremamente impulsivos, atraídos por riscos e necessitados por uma busca incansável de recompensas, sem se preocuparem com os resultados.
Outros estudos anteriores já haviam mostrado alterações significativas em uma região chamada amígdala, responsável pelas reações emocionais. A psiquiatra forense Hilda Morana cita ainda que os psicopatas “apresentam alterações funcionais no córtex frontal suborbitário”, área do cérebro envolvida no caráter, no raciocínio moral e no processamento de emoções sociais, como empatia, culpa e vergonha. “Ou seja, o sujeito não tem a parte cerebral que o permitiria ter noção do outro”, completa.
Entretanto, há divergências nesse sentido. Para o psiquiatra Claudinei Biazoli, apesar de esses estudos apontarem diferenças na anatomia e na função cerebral específicas dos pacientes com transtorno de personalidade antissocial, seus resultados ainda não são conclusivos. “Vale ressaltar que as classificações em psiquiatria, hoje, não se baseiam na causa dos transtornos mentais ou na presença de lesões cerebrais ou diferenças entre os funcionamentos cerebrais dos pacientes”, destaca o especialista.
Acredita-se que fatores genéticos e um ambiente desequilibrado na infância, como conflitos familiares e abusos verbais, físicos ou sexuais, também podem desencadear o surgimento da psicopatia.
LEIA TAMBÉM
- Conheça 4 fatos curiosos sobre psicopatas
- Serial killers e psicopatas têm diferenças. Entenda!
Texto: Augusto Biason/Colaborador – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Entrevistas: Augusto Biason/Colaborador e Érica Aguiar – Consultorias: Claudinei Biazoli, psiquiatra e professor na Universidade Federal do ABC (UFABC) com experiência na área de neuroimagem; Hilda Morana, psiquiatra forense e médica perita do Instituto de Medicina Social e Criminologia de São Paulo