Após muitas tentativas de alcançar, de fato, um método eficaz para medir a capacidade cognitiva de uma pessoa, os pesquisadores se aproveitaram dos avanços tecnológicos para compreender melhor o funcionamento do órgão que comanda todo esse sistema: o cérebro. Por meio de diversas técnicas e exames, como ressonâncias magnéticas e tomografias computadorizadas, foi possível desvendar alguns enigmas que dificultavam o avanço das pesquisas.
Com testes em animais e, posteriormente, em seres humanos, foram identificadas as regiões do cérebro que se relacionam com essa habilidade intelectual. “Áreas fronto-têmporo-parietais do hemisfério esquerdo são vitais para as operações da inteligência.
Além disso, a capacidade visual-espacial — que também pertence a essa esfera e depende de circuitos originados no lobo occipital — tem participação direta nos processos de raciocínio”, ressalta o mestre em neurociência Martin Portner.
Segundo Marcelo Batistuzzo, algumas pesquisas concluíram que “o córtex pré-frontal dorsolateral explica 10% da variabilidade da inteligência. Não é o volume dele; na verdade; são as conexões dessa região com o restante do cérebro que indicam essa porcentagem da habilidade cognitiva”.
Apesar dessas especificações, atualmente, os estudos apontam para algo mais abrangente e abstrato. “Hoje em dia, há uma tendência holística (de integração) que percebe a inteligência como o resultado das operações de todas as partes do cérebro”, complementa Martin.
Só que esse processo envolve mais do que as regiões do órgão. Para que haja uma boa comunicação entre as células nervosas, é essencial o funcionamento de neurotransmissores. No caso da inteligência, segundo Marcelo, “o principal é o glutamato e, com certeza, a deficiência dessa substância vai levar ao enfraquecimento das conexões entre os neurônios e prejudicar a cognição”.
Mais conexões no cérebro igual a mais inteligência?
Praticamente tudo que realizamos durante o dia é controlado por nosso cérebro. Para que as ações sejam executadas, o órgão recebe e transmite informações para o corpo por meio de impulsos elétricos e químicos, comandados pelas células nervosas e por neurotransmissores.
Esse aspecto facilita o desenvolvimento de diversas habilidades, sejam cognitivas ou motoras. “É correto dizer que, se houver mais neurônios disponíveis — e uma capacidade de ligações (sinapses) entre eles bem estabelecida —, maior será o grau de inteligência”, explica o mestre em neurociência Martin Portner.
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Texto: Vitor Manfio/Colaborador – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Entrevistas: Augusto Biason e Vitor Manfio/Colaboradores e Victor Santos – Consultorias: Marcelo Batistuzzo, doutor em ciências médicas; Martin Portner, neurologista e mestre em neurociência pela Universidade de Oxford, na Inglaterra