Quem não se lembra do Cebolinha, da Turma da Mônica? Nos gibis, ele “tloca” a letra R pela L, mas essa não foi uma invenção do autor: na verdade, esse distúrbio realmente existe e é chamado de dislalia. “A principal característica é a dificuldade em articular os fonemas. As dislalias mais comuns são: omissão (‘pato’ em vez de ‘prato’), troca (‘barata’ – ‘batata’), acréscimo (‘boloco’ em vez de ‘bloco’), e as trocas mais presentes são: P por B, F por V, J por Z, T por D e R por L“, explica a fonoaudióloga Sheila Leal. Mas calma: quando a criança aprende a falar, é normal trocar as letras e palavras, e até achamos bonitinho. No entanto, essa dificuldade tende a passar. “Quatro anos é a idade limite que os pais devem ficar atentos à fala das crianças. Caso ela não consiga todos os fonemas da língua, é importante procurar um fonoaudiólogo. Vale ressaltar que, quanto antes houver intervenção, melhor será o desenvolvimento da alfabetização para criança”, diz a profissional.
Causas
Os fatores que influenciam o surgimento do distúrbio são diversos: neurológico, psicológico, físico e auditivo. Para definir o melhor tratamento, é importante detectar a origem do problema. “Algumas crianças apresentam más formações físicas nos órgãos que interferem na fala (lábio leporino ou fenda palatina) e que a impedem de pronunciar muitos sons. A oclusão dental (mordida aberta) também pode ocasionar problemas para que essas crianças definam o ponto de articulação de todos os fonemas, pois o céu da boca (palato), fica muito alto, dificultando, por exemplo, a produção do fonema ‘L’. Pessoas com deficiência auditiva também podem ter dislalia”, esclarece Sheila. Além disso, o uso contínuo de chupeta, mamadeira e dedo também podem prejudicar a articulação de fonemas.
Tratamento da dislalia
Se perceber que seu filho apresenta os sintomas, marque imediatamente uma consulta. O tratamento da dislalia é baseado em exercícios articulatórios, que devem ser acompanhados de um fonoaudiólogo. Outro ponto importante é estimular que a criança fale corretamente. “Muitas vezes, avós, parentes e até mesmo os pais, acabam incentivando que a criança fale errado. Então, lembre-se que a criança necessita de modelos para aprender”, ressalta a fonoaudióloga. Falar corretamente com a criança e corrigi-la quando ela falar algo errado faz bem!
Saiba mais: língua presa
Quando a pele que fica embaixo da língua é muito pequena, também pode gerar distúrbios na fala, que são parecidos com os da dislalia. Quem poderá definir qual o real problema da criança é um fonoaudiólogo. A língua presa ou anquiloglossia pode ser revertida com cirurgia. “Atualmente, a intervenção cirúrgica ocorre quando o bebê apresenta dificuldade para mamar no seio materno. Geralmente, o pediatra pode intervir, mas atualmente a odontologia aplicada a neonatal tem realizado muitas intervenções satisfatórias na área. Exercícios fonoaudiológicos tendem a ajudar em muitos casos”, afirma Sheila.
Consultoria: Sheila Leal, psicopedagoga e fonoaudióloga com especialização em dislexia pela Associação Brasileira de Dislexia (ABD)
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