A automutilação pode ser definida como qualquer comportamento que envolve agressão ao próprio corpo, sem intenção de suicídio. O distúrbio acontece de diferentes formas, como cortar a própria pele, bater em si mesmo, arranhar-se ou queimar-se. Embora não exista dados oficiais no Brasil, estatísticas apontam que no mundo 20% dos adolescentes já se cortaram pelo menos uma vez.
Entenda o problema
A grande dúvida que surge quando se escuta sobre automutilação é o que leva alguém a se cortar? A psicóloga Alessadra Brandão explica que muitas vezes a automutilação tem a função de promover alívio diante de situações de ansiedade e sofrimento emocional. Essa pode ser uma estratégia para que o indivíduo em sofrimento seja ouvido e acolhido ou pode contribuir para evitar situações ruins, como contatos pessoais e de trabalho que sejam difíceis.
Durante a adolescência
Para Alessandra, vários fatores podem estar associados a esse fenômeno. “A adolescência é caracterizada pela busca de aprovação do grupo, logo, esses jovens podem aderir a esses comportamentos para serem aceitos em grupos que valorizam esse tipo de ação”. Outro fator é a associação desse comportamento a outros transtornos psiquiátricos, como, por exemplo, o Transtorno de Personalidade Boderline, que é caracterizada pelas dificuldades em lidar com as emoções.
Como agir?
Quando se trata de um comportamento vinculado à aceitação do grupo, é fundamental que professores e pais discutam com o adolescente sobre o papel das interações sociais e validem esse sentimento de busca de aceitação. Um psicólogo pode ajudar o adolescente a interagir melhor com amigos e colegas da escola.
Fator de risco
Não é apenas para ser aceito em um grupo que um adolescente se mutila. “O sofrimento emocional advindo do bullying pode ser um fator de risco para o comportamento de automutilação”, afirma Alessandra. Nesse caso, família e escola devem atuar de maneira preventiva. Em casos de bullying, o agredido, o agressor e ainda aquele que observa a agressão devem participar de programas para discussão e desenvolvimento de formas saudáveis de convívio social.
Tem como saber!
Além dos cortes e da utilização de blusas de frio para esconder os machucados, outros comportamentos podem indicar a automutilação, como o isolamento social, que é agravado em casos de bullying ou de doença mental. De todo modo, a relação entre pais e filhos deve ser construída de uma forma que exista confiança e intimidade, marcada pelo afeto e conversas. Essas características dos relacionamentos tendem, inclusive, a ser um fator de proteção para a apresentação da automutilação.
Para evitar automutilação
Alessandra ressalta que, para que esse problema não ocorra, é necessário cuidar da saúde mental desses adolescentes e de padrões de interação saudáveis. Esses aspectos não devem ser olhados apenas quando um problema se instala, mas de maneira preventiva. “Desenvolvimento de habilidades de interação social e de habilidades para lidar com as emoções, estímulo para a prática de exercícios físicos, são exemplos de ações preventivas”, complementa a psicóloga.
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Consultoria: Alessandra Salina Brandão, psicóloga