Somente em 1915 Freud tratou daquilo que é considerado o “conceito fundamental da psicanálise”, como pontua o escritor Luiz Alfredo Garcia-Roza. No artigo chamado O Inconsciente, o pai da psicanálise parte do pressuposto de que, para todo evento, há uma causa – nada acontece por acaso.
Ou seja, mesmo que um acontecimento ocorra “espontaneamente”, isso se deve ao fato de que os eventos e os pensamentos anteriores estão conectados de alguma maneira. Essa conexão, que parece não ter explicação aparente, pode ser entendida por meio de uma “suposição do inconsciente”.
Para Freud, esse pressuposto justificaria, entre outras coisas, as lacunas presentes na consciência humana, que seriam os “atos psíquicos que só podem ser explicados pela pressuposição de outros atos, para os quais, não obstante, a consciência não oferece”.
Então, o que é o inconsciente? A definição clássica foi relatada por Freud em 1933, no texto A Dissecção da Personalidade Psíquica: “denominamos inconsciente um processo psíquico cuja existência somos obrigados a supor – devido a algum motivo tal que o inferimos a partir de seus efeitos –, mas do qual nada sabemos”. No entanto, de acordo com a metáfora do iceberg, uma pequena parte da nossa personalidade é guiada pela consciência, enquanto o inconsciente é responsável por quase tudo que fazemos.
Ou seja, o inconsciente humano carrega elementos instintivos que não se tornaram conscientes, além de material que foi censurado ou reprimido pela consciência. “Muitas questões emocionais mal resolvidas ficam no inconsciente. Então, quando você tem raiva de alguém, por exemplo, e não consegue lidar com isso, a situação é jogada para o inconsciente, como se estivesse fora do seu ambiente consciente, mas você acaba tendo resultado disso nas suas ações”, explica a psicóloga clínica Silvia Malamud.
De acordo com o pai da psicanálise, o inconsciente humano carrega as principais determinantes da personalidade, as fontes da energia psíquica e os instintos. Por outro lado, estão depositados ali “medos, motivações egoístas, impulsos sexuais inaceitáveis, desejos irracionais, impulsos imorais e experiências infantis traumatizantes”, pontua a médica e psicoterapeuta Laís Helena da Rocha.
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Texto: Thiago Koguchi – Edição: Giovane Rocha/Colaborador
Entrevistas: Thiago Koguchi e Victor santos – Consultoria: Silvia Malamud, psicóloga clínica; Laís Helena da Rocha, médica, psicoterapeuta e hipniatra