Lembrança deletada: é possível apagar de vez uma memória?

Apagar uma lembrança pode até parecer uma história de filme de ficção, mas saiba que a ciência já descobriu como deletar memórias

- FOTO: iStock.com/Getty Images

Foi a partir da descoberta de como a memória funciona que, em 1999, o neurocientista Karim Nader, da Universidade McGill, no Canadá, começou a trabalhar por uma linha de estudo até então ignorada. Era sabido que, para ocorrer essa conexão entre os neurônios, o cérebro precisava sintetizar proteínas específicas. O que o pesquisador fez foi tentar bloquear as substâncias envolvidas no processo em suas cobaias, a fim de modificar uma lembrança armazenada.

Nader condicionou um grupo de ratinhos a relacionar um som com a aplicação de um choque. Sempre que o apito era tocado, os animais levavam uma dolorosa descarga elétrica. Com o tempo, os roedores desenvolveram um grande medo pelo som, mesmo quando não era acompanhado do choque.

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FOTO: iStock.com/Getty Images

O cientista passou, então, a injetar uma droga que causava inibição daquelas proteínas envolvidas nas conexões responsáveis pela memória. Para a surpresa de todos, os bichinhos pararam de demonstrar medo quando ouviam o som, mesmo após a suspensão dos remédios.

Foi a primeira vez que uma experiência mostrou ser possível deletar determinadas memórias. Segundo a pesquisa realizada por Nader, essa possibilidade só existe pelo período de instabilidade que a lembrança passa quando tentamos acioná-la. O processo de lembrar tem três etapas: a informação é acessada; levada ao consciente; e gravada novamente. Com a aplicação da droga inibidora das proteínas, essa última etapa não acontecia, não regravando a lembrança. A memória desaparecia!

O único entrave para Nader era que ele não sabia qual proteína específica deveria ser inibida, por isso fez testes com várias. Foi só em 2006, numa pesquisa liderada por Todd Sacktor, da Universidade Columbia, nos Estados Unidos, que a enzima PKM-zeta foi descoberta como a responsável pela passagem de corrente elétrica entre os neurônios.

Ou seja, bloqueando a enzima enquanto a cobaia estava se lembrando de determinada situação, o cientista conseguia eliminar a memória referente ao caso. A partir dessa descoberta, o grupo criou a molécula chamada ZIP, capaz de bloquear a proteína e eliminar memória de longo prazo nos ratos.

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Texto: Augusto Biason/Colaborador – Edição: Giovane Rocha/Colaborador

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