Marisa Letícia, ex-primeira dama e esposa do ex-presidente Luís Inácio Lula da Silva, segue internada desde o dia 24.01 no Hospital Sírio-Libanês. Ontem (31.01), a equipe médica divulgou uma nova nota sobre seu estado de saúde: por meio de um ultrassom, foi detectada a ocorrência de uma trombose venosa profunda nos membros inferiores.
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De acordo com Karen Rigoni, especialista em cirurgia vascular e membro da Sociedade Brasileira de Angiologia e Cirurgia Vascular, a trombose que afetou Marisa Letícia é decorrente da redução da mobilidade causada pelo estado clínico da paciente: “A imobilização gera um quadro de estase venosa, favorecendo a formação de coágulos“, explica.
Segundo a médica, durante o período de internação, que tem como consequência a redução da mobilidade, a maioria dos pacientes internados recebem medicamentos (anticoagulantes) para prevenir a ocorrência de trombose venosa. “No caso da ex-primeira dama isso não pôde ser feito em virtude da hemorragia intracraniana, sendo contra indicado nesse caso o uso de anticoagulantes. Por isso, foi feito um implante do filtro de veia cava, para reduzir as chances do coágulo ir para o pulmão e causar a chamada embolia pulmonar“, explica.
Mas você sabia que a trombose venosa é mais comum do que se imagina, sendo que as mulheres são as mais afetadas? Isso porque uma série de riscos podem desencadear o problema, que tem tratamento e pode, sim, ser evitado.
Causas
A trombose venosa profunda (TVP), segundo Karen Rigoni, cirurgiã vascular, é uma doença causada pela coagulação do sangue no interior das veias e pode ocorrer tanto nos membros superiores, como veias do pescoço, quanto nos membros inferiores, sendo que essa última é a mais comum, com 90% dos casos.
A médica explica que a formação do coágulo dentro da veia é desencadeada pela presença de um ou mais dos seguintes fatores: lesão da parede interna da veia (endotelial), dificuldade do sangue circular (estase) ou aumento da viscosidade sanguínea (sangue mais grosso).
A trombose venosa tem maior probabilidade de ocorrer em pessoas com fatores de risco, que são:
- Idade (pessoas com mais de 40 anos)
- Trombofilias (doenças do sangue que predispõem à trombose)
- Cirurgias
- Traumatismos
- Gravidez e puerpério
- Imobilidade
- Trombose Vascular Profunda prévia
- Câncer
- Reposição hormonal,
- Quimioterapia
- Obesidade.
Tratamento
O objetivo principal do tratamento é evitar a embolia pulmonar, uma extensão da trombose, e também as sequelas nas pernas (síndrome pós-trombótica). A medicação utilizada é chamada de anticoagulante, composta por remédios que afinam o sangue, mas que não dissolvem o trombo. Atualmente o tratamento da TVP pode ser feito na própria residência do paciente, sem necessitar de internação hospitalar, explica a médica.
Evolução da doença
A trombose, como já comentado, pode se transformar em embolia pulmonar, que é a migração de um fragmento do coágulo, em geral localizado na perna, até o pulmão. Isso pode ocorrer durante a fase aguda da doença, em geral nos primeiros 14 dias. A cirurgiã vascular Karen Rigoni esclarece que, nesse caso, o medicamento é o mesmo. O que muda, em geral, é o tempo de tratamento, que costuma ser prolongado.
Outra complicação da trombose é a chamada síndrome pós-trombótica, uma complicação tardia da trombose que pode evoluir com manchas escuras nas pernas e até o aparecimento de feridas, explica.
Embolia pulmonar
Estima-se que 65% a 90% dos episódios de embolia pulmonar originam-se de trombose nos membros inferiores. Mas eles também podem decorrer de trombos provenientes das veias pélvicas, renais, de membros superiores ou do átrio direito (cavidade do coração que recebe o sangue das veias). A mortalidade da embolia, quando não tratada, é de 30%, mas é reduzida para 2% a 8% quando o diagnóstico é feito e o tratamento adequado é instituído.
Os sintomas dependem do tamanho e localização do coágulo. Pode ser assintomática, ter sintomas leves como falta de ar, tosse e dor no peito, ou, nos casos mais graves, com insuficiência respiratória, hipotensão e colapso circulatório.
É importante procurar atendimento médico caso tenha algum desses sintomas e/ou fator de risco para trombose.
Mistura perigosa
Atenção: produtos encontrados no cigarro, como a nicotina, induzem a lesão da parede interna da veia. E o estrogênio, hormônio presente na maioria dos anticoncepcionais, favorece o desenvolvimento de trombose pelo aumento da viscosidade sanguínea, explica Karen Rigoni, cirurgiã vascular. Por isso, essa é uma mistura perigosa.
Informe-se!
Nem sempre o novo e moderno é mais seguro, principalmente no que diz respeito aos anticoncepcionais. Segundo a especialista, mulheres que tomam os anticoncepcionais mais antigos, chamados de primeira e segunda geração, que contêm os hormônios levonorgestrel, noretisterona ou norgestimata, têm risco de cerca de 1,5 a 1,8 vezes menor de trombose que aquelas que tomam as pílulas mais modernas. Essas são as chamadas pílulas de terceira e quarta geração, que contêm drospirenona, desogestrel, gestodeno e ciproterona. Por isso, ler a bula e saber os componentes do anticoncepcional são atitudes fundamentais para quem quer evitar a doença.
E lembre-se: se você fuma, não deve tomar pílula contraceptiva, pois as chances de desenvolver TVP são maiores. Converse com seu médico.
Texto: Jussara Tech/ Fonte: Malu Semanal ed. 735
Edição: Wanessa Ferrari
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