Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), anemia é a condição na qual o conteúdo de hemoglobina – pigmento dos glóbulos vermelhos responsável por transportar o oxigênio dos pulmões aos tecidos ‒ no sangue está abaixo do normal, pela carência de um ou mais nutrientes essenciais, independentemente da causa dessa deficiência. Existe, ainda, um tipo diferente de anemia: falciforme.
Do que se trata?
A anemia falciforme recebe esse nome porque provoca um dano nas hemácias que as fazem ficar no formato de uma foice e não redondas. Essas células “afoiçadas” têm muita dificuldade de circular pelas veias, favorecendo a ocorrência de trombose, infarto e acidente vascular cerebral (AVC). Além disso, o organismo combate os glóbulos vermelhos por serem considerados estranhos, causando anemia. Trata-se de uma doença passada de pais para filhos, e é mais frequente em negros, embora, por causa da miscigenação do povo brasileiro, também afete pessoas de pele branca. Estima-se que 8% da população afrodescendente do país sofra com o problema.
LEIA TAMBÉM
- Leucemia na infância e adolescência
- Doação de sangue: quem pode e quem não pode doar?
- Saiba como prevenir a anemia
Como tratar?
Quando o bebê passa pelo teste do pezinho, pode-se identificar a presença ou não de anemia falciforme. O tratamento consiste na administração de medicamentos e em transfusões de sangue, além de exigir o acompanhamento médico constante por toda a vida.
Medula Óssea
Considerado o único tratamento capaz de curar a anemia falciforme, o transplante de medula óssea foi incluído no rol de procedimentos coberto pelo Sistema Único de Saúde (SUS) em 2015. Segundo informações do Ministério da Saúde, a decisão por proporcionar este tratamento via SUS surgiu após recomendação da Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias (Conitec), que debateu o assunto com especialistas e diversos segmentos da sociedade por meio de consulta pública.
O procedimento é indicado para pacientes com doença falciforme em uso de hidroxiureia que apresente, pelo menos, uma das seguintes condições:
- alteração neurológica devido a acidente vascular encefálico
- alteração neurológica que persista por mais de 24 horas ou alteração de exame de imagem
- doença cerebrovascular associada à doença falciforme
- mais de duas crises vasoclusivas (inclusive Síndrome Torácica Aguda) graves no último ano
- mais de um episódio de priapismo (ereção involuntária e dolorosa)
- presença de mais de dois anticorpos em pacientes sob hipertransfusão
- ou osteonecrose em mais de uma articulação.
Reconhecendo o problema
Além dos sintomas comuns às anemias, a partir do sexto mês de vida, o portador da doença pode apresentar:
- Crises de dor, especialmente nos ossos e nas articulações;
- Síndrome mão-pé, que causa dor, inchaço e vermelhidão nessas áreas do corpo de crianças;
- Icterícia (olhos e pele amarelados);
- Infecções frequentes;
- Feridas nas pernas, especialmente a partir da adolescência;
- Retenção de sangue no baço, que deve filtrar o líquido, mas pode impedir sua distribuição para o restante do corpo.