Como acontece na maioria dos casos de condições neurológicas incapacitantes, quando se trata de microcefalia a assistência psicológica é fundamental para a busca de uma melhor qualidade de vida tanto do paciente como de quem conviverá com ele. As mães quase sempre são as mais afetadas, principalmente porque o problema costuma ser detectado em um período muito próximo ao nascimento, no qual as alterações hormonais da progenitora tornam ainda mais difícil aceitar a nova situação.
Os pais também podem necessitar passar por uma psicoterapia para conviver mais suavemente com os novos desafios. Grupos de apoio organizados por entidades de assistência social são de grande valia nos primeiros meses após o diagnóstico.
A criança acometida com o problema deve realizar terapia ocupacional várias vezes por semana para que consiga adquirir mais autonomia. Avanços simples em atividades do dia a dia como a escovação dos dentes ou a utilização de talheres para se alimentar, contribuem para aumentar o autocontrole e a independência.
A capacidade de socialização, em geral bastante reduzida, pode ser melhorada quando há a possibilidade de o portador de microcefalia ser matriculado em uma escola normal. A interatividade com outras crianças, especialmente através de jogos e brincadeiras, tem mostrado bons resultados, embora grande parte não consiga aprender a ler e escrever.
Além dos procedimentos terapêuticos, a criança pode e deve receber estímulos em sua própria casa. Brincadeiras, contato físico carinhoso, danças, música e joguinhos devem fazer parte de seu dia a dia. Sempre que possível, os cuidadores devem incentivar a interação da criança com familiares e amigos. Tudo o que puder manter o cérebro em atividade proporcionará algum benefício. Ao contrário, a limitação nos contatos sociais pode prejudicar sensivelmente a saúde psicológica do portador de microcefalia.
O fato, porém, é que, assim como acontece com em pequenos que não possuem qualquer tipo de problema neurológico, a criança microcéfala deve ser vista como um ser único, com particularidades e limites que devem ser respeitados. Ou seja, no fim, trata-se de uma simples questão de respeito às diferenças e de inclusão social.
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Texto: David Cintra – Edição: Giovane Rocha/Colaborador