Embora muitas pessoas acreditem que o infarto só ocorre em pessoas mais velhas, também existem aqueles casos mais raros, nos quais os jovens são acometidos pelo problema. “Indivíduos com baixa faixa etária não têm a tendência a ter a doença, porém, quando não se cuidam e fazem muita coisa errada, podem desenvolvê-la”, conta o cardiologista do Incor, Roberto Giraldez.
Questão de hábitos
Levar uma vida pouco saudável traz malefícios em qualquer fase da vida, desde a infância até a velhice. E dependendo das atitudes tomadas pelos jovens, os prejuízos podem ser altos. “Brinca-se que o jovem pode fumar, beber, comer errado, não dormir e, mesmo assim, não acontece nada com ele. Já o idoso faz exercício, dieta, não fuma, e ainda assim tem problemas de saúde. Essa é a tendência natural das coisas, entretanto, quando os mais novos fazem muita coisa errada, podem antecipar algo que só devia aparecer na idade adulta. O jovem que tem colesterol alto, come errado, não faz ginástica, fuma e é obeso com idade intermediária, descobre que tem pressão alta ou diabetes e não trata. A pessoa que não se cuida pode ter, eventualmente, a doença em uma fase mais jovem, que não teria normalmente”, esclarece o profissional.
Os malefícios da tecnologia
Uma pesquisa realizada pela Sociedade Brasileira de Cardiologia (SBC), revelou que cerca de 70% população adulta não pratica atividades físicas. E o pior: as duas principais causas de morte no Brasil – infarto (54%) e derrame cerebral (50%) – têm como responsáveis a vida sedentária. Embora a pesquisa se refira aos adultos, não há como negar que os bons hábitos se iniciam logo na infância e, posteriormente, se estendem por toda a vida. A tecnologia é um dos principais reflexos pelos quais os exercícios físicos não fazem parte da rotina de muita gente. Segundo dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), oito em cada dez adolescentes assistem televisão ao menos duas horas ao dia, sem contar que esse hábito está geralmente atrelado ao consumo de alimentos calóricos, como biscoitos recheados, salgadinhos, chocolates, entre outros.
Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), apenas 22,8% dos alunos de escolas públicas não consomem os alimentos fornecidos pela própria escola
Herança nada agradável
Quando o jovem já nasce com alguns tipos de disfunção cardíaca, deve ser acompanhado criteriosamente pelo médico durante toda a vida. “Observar o histórico familiar é de suma importância. Se parentes próximos, como os pais, tios e até mesmo avós já sofreram algum tipo de doença cardíaca, o risco é aumentado. Assim sendo, uma consulta ao cardiologista é imprescindível, bem como uma avaliação física com um profissional de educação física para determinar um programa de exercícios específicos para cada pessoa. O controle diário da pressão arterial também auxilia no diagnóstico preventivo”, frisa o personal trainer Heber Dias Lopes.
E o tratamento?
A boa notícia é que, com a adesão correta das recomendações médicas, o jovem que passou por um infarto pode retomar a sua vida normalmente, tendo até uma recuperação mais rápida em relação às pessoas de mais idade. “Habitualmente, é muito mais fácil tratar um jovem, pois ele é muito mais resistente ao infarto. Uma noção popular enganosa costuma falar que o jovem quando tem infarto morre, e idosos não. Isso não é verdade. Idosos, geralmente, têm maior dificuldade em resistir. O tratamento para jovens é muito parecido com o dos mais velhos, só com menos restrições. Isso porque as medicações para idosos podem causar mais efeitos colaterais no idoso do que no jovem. Por exemplo, se é receitado um anticoagulante por causa do infarto, o jovem raramente sangra ou tem complicações, ao contrário do idoso. Então, o tratamento é o mesmo com um pouco mais de liberdade para escolher os medicamentos, sem tanta preocupação”, finaliza Giraldez.
Texto: Paula Santana
Consultoria: Heber Dias Lopes, personal trainer; Roberto Giraldez, cardiologista
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